Após impasse nuclear, Coréia do Norte diz não temer a guerra

A mídia oficial da Coréia do Norte culpou os Estados Unidos, neste sábado, pelo impasse nas negociações para pôr fim ao programa de armas nucleares de Pyongyang e disse não ter medo da guerra.

Os cinco dias de discussões entre as duas Coréias, a China, o Japão, a Rússia e os Estados Unidos terminaram na sexta-feira com os enviados discordando até sobre a data da nova rodada de negociações.


 


A Organização das Nações Unidas (ONU) impôs sanções à Coréia do Norte após o país realizar seu primeiro teste nuclear em outubro. Porém, durante a negociação, autoridades norte-coreanas se concentraram em tentar levantar um bloqueio financeiro separado imposto pelos EUA, disseram enviados.


 


O delegado da Coréia do Norte, Kim Kye-gwan, disse que Pyongyang rejeita a pressão norte-americana para encerrar seu programa nuclear e aceitar inspeções às instalações atômicas.


 


“Decididamente nos opusemos a isso e dissemos para os Estados Unidos estudarem melhor nossa proposta”, Kim teria dito.


 


Numa outra reportagem oficial, a Coréia do Norte declarou: “Sanções e pressões nunca funcionarão na RDPC (Coréia do Norte).”


 


“As forças armadas revolucionárias da RDPC querem paz, mas não têm medo da guerra. Nunca permitirão que ninguém intervenha na soberania e na dignidade de seu país”, afirma o comunicado da agência de notícias KCNA.


 


Em setembro de 2005, a Coréia do Norte disse que em princípio abriria mão de seu arsenal nuclear em troca de auxílio e garantias de segurança.


 


As contas norte-coreanas no Banco Delta Asia de Macau foram congeladas após o Tesouro norte-americano designar o banco como sua “primeira preocupação quanto a lavagem de dinheiro”, também em setembro de 2005. A Coréia do Norte disse que o bloqueio mostra que Washington havia negociado de má fé.


 


Washington sustenta que as negociações e o bloqueio financeiro são questões separadas e não devem ser confundidas.


 


O bloqueio, que congelou 24 milhões de dólares em fundos, teve amplas implicações à Coréia do Norte porque deixou outros bancos internacionais com medo de fazer negócios com Pyongyang.


 


O presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, pareceu ser simpático à posição norte-coreana, perguntando esta semana por que o Tesouro dos EUA agiria dias antes do acordo nuclear ser fechado.


 


“Se alguém quiser olhar isso com maus olhos, pode dizer que foi tudo coordenado entre os dois (o Tesouro e o Departamento de Estado dos EUA)”, disse Roh em discurso.


 


O enviado da Coréia do Sul disse querer a continuidade das negociações porque elas contribuem para a paz na região, informou a agência de notícias Yonhap no sábado.


 


Fonte: Reuters