Inácio diz que vitória do campo progressista tornou 2006 um ''ano bom''

A eleição do Presidente Lula para o segundo mandato, a ampliação do campo progressista no cenário político e o fim da cláusula de barreira são fatos que tornaram 2006 um ''ano bom'', na avaliação do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).


Ainda na condição de líder do Partido na Câmara dos Deputados, onde encerra o seu terceiro mandato, o parlamentar falou também sobre as expectativas para o próximo ano, destacando a defesa do nome de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara e um redirecionamento da política econômica do governo Lula.


 


O episódio mais recente que envolveu a Câmara – do reajuste dos salários dos parlamentares – serviu para avaliação positiva da Casa. ''Nesse episódio dos salários, houve reação do povo, vamos ouvir o povo e examinar, com tranquilidade, sem açodamento e vamos conduzir de acordo com o interesse do povo brasileiro'', disse, destacando que ''essa Casa ouve o povo''.


 


A atuação de Aldo Rebelo, na condução da situação, mereceu elogios de Inácio. ''Ele (Aldo) agiu com tranquilidade, como sempre tem feito'', afirmou. E lembrou que, nesses últimos dois anos, período em que Aldo Rebelo esteve à frente da Casa, ''votamos tudo, todos os grandes projetos do governo e de iniciativa da Casa e dos senadores''.


 


''O grande saldo da batalha política de 2006 resultou em vitórias no Executivo e no Legislativo'', disse Inácio, destacando ainda a manutenção da bancada do PCdoB existindo no Legislativo, a vitória de governadores do campo progressista e a varredura de oligarquias assentadas há 30, 40 anos no Nordeste como frutos da batalha central.


 


''A batalha central, segundo ele, se travou em torno do projeto político do campo progressista, onde o PCdoB se situa, que logrou êxito eleitoral e político, porque suas idéias principais foram abalizadas pelo povo brasileiro''.


 


Ele destacou ainda que ''o próprio campo da esquerda, o PT e o Presidente da República, que tinham escorregado para o centro, com posições mais conservadoras, tiveram que se redimir e abraçaram as bandeiras mais avançadas porque o embate político exigiu isso''.


 


Na sua avaliação, Inácio diz que o resultado desse embate ''abriu espaço para outra retumbante vitória que foi manter a legalidade plena do PCdoB, porque a tal cláusula de barreira era impedimento para atuação do PCdoB, porque as outras legendas encontrariam um território para atuar''. Ele destaca que o PCdoB conseguiu convencer o PV, o PRB e o PSOL para atuar em conjunto.


 


''Não era possível diante dessa vitória, se cercear a atuação do PCdoB. O voto do ministro Marco Aurélio foi histórico, que conquistou uma posição unânime do Supremo'', destacou.


 


Cenário embaraçado


 


Na análise das expectativas para o próximo ano, o parlamentar comunista disse que ''o cenário político é embaraçado, muitas coisas surgem como cortina de fumaça, eu cito o episódio do reajuste de salário dos parlamentares, ao não ficar claro porque o parlamentar precisa de recursos para não ficar preso às empresas, os derrotados das eleições deste ano voltam à cena querendo fazer a opinião pública cercear a atuação do parlamento e serve de cortina de fumaça para a discussão sobre o caminho que o Brasil vai adotar''.


 


Ele defende enfaticamente a discussão sobre o salário dos parlamentares, ''do mesmo modo que precisamos discutir o projeto político para o Brasil'', enfatizou.


 


Êxito na coalizão


 


Inácio acompanha os primeiros passos da montagem do segundo Governo Lula, avaliando que ''na base política parlamentar estamos conseguindo êxito com a montagem da base partidária e formação do conselho político''. Segundo ele, é importante ''que se discuta projeto, para depois entrar no governo, ocupar cargos'', destacando que ''é preciso discutir passo mais largo para superar entrave financeiro do país, a política de juros produzida excessivamente no Brasil''.


 


O Brasil possui a menor taxa de juros de sua história, mas é a mais alta do mundo, o que coloca o País numa situação complicada. Inácio diz que não se preocupa com a notícias de que a equipe econômica será mantida. Para ele, o redirecionamento da política econômica ''vai ter que ter visão que parte do próprio Lula, que precisa de coragem política mais substancial''.


 


Inácio destaca o primeiro mandato de Lula, ''quando foram tomadas medidas para abrir espaço, mas ainda existem gargalos''. E lançou mão da comparação com o sistema circulatório do corpo humano, dizendo que ''quando Lula fala em destravar a economia, tem que pensar em desobstruir não só os capilares – tem que ver o conjunto, desde as pequenas obras até os grande gargalos, que entopem as artérias e impedem de circular o oxigênio para o cérebro, que permitirá o desenvolvimento integrado do Brasil''.


 


Ele reconhece que as medidas mexem com interesses gigantescos – de dentro e fora do Brasil, e que para enfrentá-los, o Presidente Lula que necessita de apoio das forças políticas e da sociedade. Aproveitou para criticar a mídia, a quem acusou de defender o setor financeiro. E sugeriu uma campanha massificante ''de juros a 5% para fazer o país crescer 5%''.


 


Aldo para Presidente


 


Ao mudar-se para o Senado, Inácio faz referência elogiosas à Câmara, onde exerceu três mandatos, destacando a atuação de Aldo Rebelo como presidente da Casa. ''Sabe dialogar com todos e conseguir apoio para os projetos importantes para o Brasil. Isso foi feito com muita competência, habilidade, maestria, muito positivo, por isso ele tem condições e é o melhor candidato para presidir a mesa da Câmara nos próximos dois anos'', afirmou.


 


Segundo Inácio ainda, Aldo é ''o que mais ajuda o Parlamento e mais ajuda o Brasil. O Partido deve reconhecer no seu quadro as melhores condições para disputar (a Presidência) e indicá-lo para os outros partidos''.


 


A sua ida para o Senado é avaliada como um progresso semelhante a da vida estudantil. Na Câmara dos Vereadores de Fortaleza, ele diz que aprendeu muito com a proximidade com o povo. Na Assembléia, é como se fosse um mestrado, com a atuação ampliada para as questões de todo o estado do Ceará. Depois esteve na Câmara dos Deputados e agora, no Senado, julga o desafio ainda maior, considerando que o Partido não possui bancada e a base do governo não tem maioria.


 


Para fazer um bom trabalho, Inácio diz que vai ouvir, como bom aluno, para aprender, e lançar mão da experiência adquirida como comunista. ''A nossa militância teve experiência múltiplas, de rua, de movimentos social, sindical, acadêmico, boa formação política, de debate e, aliada a experiência de mandatos anteriores – vereador, deputado estadual … – temos condições de conduzir bem o nosso mandato'', concluiu.


 


De Brasília


Márcia Xavier