Fidel não pode ser substituído ou imitado, diz Raúl Castro

O presidente cubano licenciado, Fidel Castro, é “insubstituível”. Em seu lugar, apenas o Partido Comunista de Cuba pode entrar em conjunto. As duas afirmações são do presidente interino Raúl Castro.

O irmão de Fidel emitiu suas opiniões nesta quarta-feira (20/12) ao encerrar o 7º Congresso da Federação de Estudantes Universitários, no Palácio das Convenções. Raúl, de 75 anos, disse que não busca imitar a liderança de seu irmão – e assegurou que não teme as decisões em consenso.


 


“Fidel é insubstituível, com a exceção de que o substituamos todos juntos, cada um no lugar que lhe corresponde. O substituto de Fidel pode apenas ser o Partido Comunista de Cuba, por razões óbvias”, afirmou Raúl, responsável interinamente pelo Executivo há mais de quatro meses, quando o líder cubano delegou o poder em função de uma delicada cirurgia.


 


Em família
Numa intervenção de mais de meia-hora, Raúl comentou ao auditório detalhes de sua relação familiar com os irmãos Ramón e Fidel, que tem 80 anos. Já em discurso posterior, o chanceler Felipe Pérez Roque assegurou que o mandatário esteve “informado” do desenvolvimento do Congresso.


 


O Parlamento cubano iniciará nesta sexta-feira sua última reunião anual, e é esperado que Raúl presida a sessão. “(Fidel Castro) é insubstituível, sei eu – que o conheço desde que tenho o uso da razão”, insistiu Raúl. “Quando alguém tenta imitá-lo, fracassa.”


 


Raul – que também acumula o cargo de ministro da Defesa – fez alusão a seu discreto perfil nesses meses de interinato. “Essa é a linha que devemos seguir”, em coerência com a decisão oficial de distribuir responsabilidades entre outros dirigentes.


 


O evento
O Congresso da Federação, que começou na segunda-feira, deliberou a portas fechadas e reelegeu Carlos Lage Codorniú como seu secretário. Os jovens analisaram em sete comissões assuntos vinculados à organização e sua inserção na sociedade.


 


Pela primeira vez em quase meio século de revolução, Fidel Castro delegou funções a seu irmão, e declarou a sua saúde como um “segredo de Estado”. Desde então, apenas foi visto em fotos e vídeos.


 


“Obsessão mórbida”
As especulações sobre seu restabelecimento foram agravadas nos últimos dias após declarações de funcionários norte-americanos, como o chefe de inteligência John Negroponte que assegurou que ao líder cubano restam “meses, e não anos” de vida.


 


O jornal oficial Granma replicou ontem que as declarações norte-americanas são objeto de uma “obsessão mórbida” da Casa Branca por seu rival ideológico de quase meio século.