Operadores de vôos estão sem substitutos
 

O major-brigadeiro da Aeronáutica, Ramón Borges Cardoso, disse nesta terça (19) que atualmente não existem substitutos para os controladores de vôos que atuam nos quatro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas). Atualmen

“Estamos operando no limite. Não temos nenhum Gabiru para colocar em campo”, alertou o brigadeiro, referindo-se ao atacante Adriano Gabiru, reserva do Internacional responsável pelo gol que deu o título mundial ao time gaúcho.


 


Ele participou nesta terça (19) da audiência pública da Comissão Externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar a crise no setor aéreo brasileiro. Além do representante da Aeronáutica, participaram da reunião o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e os representantes dos controladores e dos usuários.


 


Embora previna que nas festas de fim de ano não haverá grandes transtornos nos aeroportos por causa do atraso de aeronaves, o brigadeiro reconhece que somente em março de 2008, quando será formada uma nova turma de controladores, “a situação estará totalmente normalizada”.


 


Por conta da aprovação de uma medida provisória pelo Congresso Nacional, a Aeronáutica já contratou os 60 controladores que estavam na reserva e vão atuar nos Cindactas de forma emergencial até dezembro de 2007. Eles já estarão na ativa entre o final de fevereiro e início de março do próximo ano.


 


Salário e Pessoal


 


A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), membro da comissão, disse que, além da falta de pessoal, é preciso resolver também a diferença salarial entre os civis e militares que atuam no controle do tráfego. No início de carreira, o civil tem o salário líquido de R$ 3 mil (120 horas/mês) que pode chegar no final da carreira até R$ 3,2 mil.


 


Já os militares, ingressam no posto com a patente de sargento com o salário de R$ 1,5 mil (150h/m) e pode chegar no posto a sub-oficial com o salário de R$ 3,5 mil. “Não há dúvidas de que essa defasagem contribuiu para alimentar a crise”, diz a parlamentar que defende a continuação do sistema misto no controle, mas sem a diferença de remuneração.


 


O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Francisco José da Silva Cardoso, disse que a maioria dos controladores é formada por militares que concordam em mudar para o regime jurídico único, do qual faz parte os civis. Ele também disse que são boatos o anuncio de uma greve no próximo dia 23.


 


“O sistema hoje está muito melhor do que na época do acidente na Gol. O problema está na fase de solução. A crise nos ensinou muito, todos éramos neófitos. Nunca tínhamos passado por uma situação dessa. Em 2007 será um ano tranqüilo e vamos trabalhar para superar os problemas de infra-estrutura e pessoal”, disse o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.


 


Quanto ao acidente da Gol, Zuanazzi diz que em breve a comissão de investigação estará concluindo seus trabalhos e que não restará dúvidas sobre as causas do acidente. “Posso adiantar que o grupo que trabalha na investigação é formado pelos melhores especialistas no Brasil e no mundo”, disse.


 


De Brasília
Iran Alfaya