Cresce tensão em Gaza; Hamas acusa Abbas de “golpe militar”

Homens armados dispararam neste domingo (17/12) dois morteiros contra o escritório do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Gaza. O ataque feriu pelo menos cinco membros de sua guarda pessoal, em meio a tensões crescentes com o Hamas.

O ministro das Relações Exteriores, Mahmoud al-Zahar, um importante líder do Hamas, acusou as forças de Abbas de tentar empreender um “golpe militar” em Gaza, depois que elas tomaram dois ministérios sob controle do movimento islâmico. Zahar exigiu que os oficiais de segurança deixem os ministérios – ou eles serão presos.


 


“O que está acontecendo é um verdadeiro golpe militar, assassinatos, tentativa de assassinatos, a ocupação de sedes e ministérios”, disse Zahar, durante uma entrevista coletiva. Uma fonte de segurança palestina disse que dois morteiros caíram a menos de cem metros do escritório de Abbas. O presidente não estava em Gaza no momento do ataque.


 


Os distúrbios crescentes se seguiram ao pedido de novas eleições parlamentares e presidenciais, feito por Abbas no sábado. A medida procurava pôr fim a nove meses de impasse político sob o governo islâmico liderado pelo Hamas. As forças de Abbas haviam anteriormente isolado a área ao redor de sua casa em Gaza e confrontaram-se com homens armados do Hamas.


 


Uma mulher de 19 anos foi baleada durante um tiroteio entre o Hamas e a Fatah perto do complexo presidencial e acabou morrendo, disseram fontes hospitalares. Pelo menos 15 outras pessoas ficaram feridas em diversos outros enfrentamentos, incluindo um jornalista francês.


 


O estopim da crise
A guarda presidencial de Abbas – que é constituída por 4 mil homens – tomou os ministérios da Agricultura e dos Transportes, tentando controlar uma faixa maior do centro da Cidade de Gaza. Enfurecidas com as invasões, forças leais ao Hamas trocaram fogo, durante o dia, com guardas presidenciais posicionados em telhados de prédios próximos ao escritório presidencial.


 


Anteriormente, um comboio carregando Zahar foi alvejado, e um tiroteio entre seus guardas e os agressores começou. Zahar não ficou ferido. Seus assessores responsabilizaram as forças de Abbas pelo ataque.


 


Falando pela primeira vez desde que Abbas pediu por eleições antecipadas, o premiê palestino Ismail Haniyeh – um importante líder do Hamas – disse que novas eleições poderiam causar distúrbios ainda maiores e pediu calma. O Hamas disse que boicotaria as novas eleições.


 


Depois de nove meses da violência entre facções, que provocou temores de uma guerra civil, Abbas disse que novas eleições deveriam acontecer tão logo quanto possível. Mas ele também afirmou que os esforços para a formação de um governo de unidade devem continuar, apesar dos repetidos fracassos.