Colin Powell: os EUA “estão perdendo” a Guerra do Iraque

O ex-secretário de Estado americano Colin Powell afirmou neste domingo (17/12) que a situação no Iraque é “grave e continua se deteriorando”. Também opinou que os Estados Unidos estão perdendo o conflito armado no país.

“O que ocorre no Iraque é uma guerra civil. Nada indica que vá melhorar”, disse a um programa da cadeia CBS de televisão. Powell foi o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra do Golfo em 1991 na Administração do presidente George Bush (pai), e secretário de Estado na de seu filho George W. Bush quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em março de 2003.


 


“A intervenção no Iraque teve três fases”, acrescentou. “Na primeira, a marcha até Bagdá, as coisas foram muito bem. Mas depois ocorreu a desordem, a falta de autoridade, e os Estados Unidos como potência ocupante teve a responsabilidade do governo, mas não deslocamos tropas suficientes para a tarefa”.


 


A terceira fase, segundo Powell, foi iniciada com a destruição em fevereiro da mesquita Al Askari, em Samarra, um santuário para os muçulmanos xiitas que formam a maioria da população no Iraque. “Desde então o que houve é violência entre seitas, entre comunidades, uma guerra civil na qual não vejo como o Exército dos Estados Unidos possa desempenhar um papel útil.”


 


O general reformado expressou seu ceticismo diante das propostas para que a administração Bush envie entre 10 mil a 20 mil soldados adicionais ao Iraque para que ajudem a consolidar o Governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki. “Já testamos o aumento de forças, o que dá um resultado passageiro e em áreas limitadas”, declarou. “Antes que se enviem mais tropas devemos definir qual será sua missão.”


 


Mais e mais recursos


Powell disse que está de acordo com a opinião do chefe do Exército, geral Peter Schoomaker, que na semana passada advertiu o Congresso que essa tática precisa de mais recursos e um aumento em seu contingente autorizado. O contingente autorizado é o número máximo de tropas permitidas pelo Congresso para os diferentes ramos das forças armadas dos Estados Unidos.


 


O Congresso autorizou que o Exército tenha 500 mil soldados, a Marinha de Guerra 375 mil soldados, a Infantaria da Marinha 178 mil e a força aérea 372 mil. Tanto Schoomaker como Powell opinam que o Congresso deveria liberar um aumento do contingente autorizado, de modo que no caso específico do Exército e da Infantaria da Marinha eles possam contratar mais soldados profissionais.


 


“O Exército está quase quebrado”, assinalou. “Não tem equipamento suficiente, nem renovação de pessoal. Não tem soldados suficientes para as tarefas que dele se esperam. Nem o Exército nem a Infantaria da Marinha têm tropas suficientes se tiverem de cumprir as missões encomendadas para eles”, disse.


 


“Por outra parte, a adição de 10 mil ou 20 mil soldados no Iraque não farão muita diferença por muito tempo. A vitória, seja como for que se defina, está nas mãos dos iraquianos, do governo do Iraque.”