Tensão cresce na Palestina com anúncio de eleições antecipadas

O Hamas rejeitou a convocação de eleições antecipadas feita hoje pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, levando seguidores desse grupo e do Fatah a se enfrentarem em seguida nas ruas de Ramala.

“O povo é a fonte de nossa autoridade. Retornarei ao povo e deixarei que decida”, disse Abbas em discurso pronunciado em Ramala, no qual justificou a medida como sendo o caminho para tirar seu povo da atual estagnação política e financeira.


 


O presidente não informou a data do pleito, que deverá ser decidida após consultas com o Comitê Central Eleitoral.


 


O ministro de Assuntos Exteriores e alto dirigente do Hamas, Mahmoud Zahar, rejeitou a medida, com a qual Abbas pretende fixar uma data para antecipar os pleitos presidencial e legislativo.


 


“Rejeitamos a convocação do presidente Abbas de eleições antecipadas. Se ele se cansou da situação, deveria renunciar.


 


Prometo ao povo palestino que com a ajuda de Alá não haverá pleito antecipado”, afirmou Zahar.


 


Em seguida, começaram os primeiros confrontos armados entre seguidores do presidente da ANP e militantes do Hamas, em reação ao discurso, no centro de Ramala.


 


Antes, Abbas lançou uma ameaça direta ao Hamas, ao assinalar que tem o direito de destituir o Executivo a qualquer momento.


 


“Fui eu quem assinou o decreto pelo qual o Governo assumiu suas funções e posso assinar outro para dissolvê-lo”, afirmou durante o discurso à nação, divulgado pela televisão palestina da sede da Presidência em Ramala.


 


O discurso de Abbas foi um dos mais duros que já pronunciou em relação ao Hamas, numa tentativa, segundo analistas, de desmascarar o movimento islâmico frente à opinião pública, fazendo várias acusações diretas ou veladas contra o desempenho do atual Governo palestino.


 


“Necessito de um Governo por mero entretenimento? Necessito de um Governo que possa levantar o bloqueio (imposto aos palestinos)”, expressou Abbas frente a vários membros do Fatah, assim como representantes de outras facções políticas – exceto o Hamas, que boicotou o pronunciamento – e líderes religiosos e da sociedade civil.


 


O presidente da ANP acusou o Hamas pela deterioração da situação de segurança e pelo fracasso do diálogo para alcançar um acordo sobre a formação de um Governo de união nacional.


 


Abbas também responsabilizou o Executivo de Ismail Haniyeh pela deterioração da situação econômica nos territórios palestinos devido ao boicote internacional imposto pela rejeição do Hamas a reconhecer Israel, renunciar à violência e respeitar os acordos firmados anteriormente.


 


Fonte: EFE