Mercosul pode se fortalecer com ingresso da Bolívia e Equador

Se depender dos chanceleres do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, a Bolívia logo passará de membro–associado a parceiro do Mercosul. A entrada da Bolívia no bloco foi um dos temas tratados ontem (15) durante a 31ª Reunião do Conselho do Mercado Com

“Falamos sobre o desejo expresso pelo presidente da Bolívia, na Cúpula de Cochabamba, de que o país venha a ser membro pleno”, relatou o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim. “Houve concordância entre os chanceleres não só em acolher positivamente este pleito, mas até de já constituirmos, quem sabe, uma pequena missão que possa ir conversando com a parte boliviana sobre como fazer com que isso se concretize da maneira mais rápida possível”, acrescentou. 


 



O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, manifestou disposição em também acelerar os procedimentos e as medidas práticas para a plena adesão da Venezuela – o protocolo de adesão foi assinado em julho deste ano, mas a chamada adesão plena depende de um conjunto de medidas de adaptação que devem ser implementadas pela Venezuela num prazo de quatro anos.


 



Já o chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, propôs a intensificação das negociações do Mercosul com o Chile e procurou dissipar boatos sobre a saída do Uruguai do bloco. “Para o Uruguai, o Mercosul é uma opção de caráter estratégico. O que queremos é um Mercosul maior e melhor”, destacou.


 



Nos próximos meses, o Mercosul deverá avaliar uma nova adesão: a do Equador. O presidente eleito do país, Rafael Correa, prometeu a Lula formalizar o pedido depois de sua posse.


 


Medidas práticas de fortalecimento


 


Além de saudar o pedido de ingresso da Bolívia e acenar positivamente com as intenções do Equador de integrar o bloco, os ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais dos países do Mercosul deram ontem em Brasília um novo passo rumo à integração regional, com a implantação de dois mecanismos para tornar o bloco sul-americano mais operacional.


 


Por um lado, Brasil e Argentina assinaram um protocolo de intenções para adotar um sistema de pagamentos com moedas locais no comércio dos dois países, enquanto o bloco anunciou a implementação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), para aumentar a competitividade dos países-membros e reduzir as diferenças existentes entre suas economias.


 


O protocolo assinado entre Brasil e Argentina – os dois motores do Mercosul – é um projeto piloto para eliminar a utilização do dólar no comércio entre ambas as nações e reduzir os custos das trocas de bens e serviços.


 


O objetivo dos dois Governos é estender o mecanismo ao Uruguai e ao Paraguai, os outros dois membros do bloco junto com a Venezuela, que iniciou recentemente um processo de adesão para se tornar membro pleno do Mercosul.


 


“É um grande passo em direção a um bloco econômico mais sólido, porque facilita as transações bilaterais e permite que os pequenos exportadores consigam entrar no comércio exterior”, disse em entrevista coletiva o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega.


 


Mantega e sua colega argentina, Felisa Miceli, assinaram um memorando de intenções junto com o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, e seu colega da Argentina, Martín Redrado.


 



Além da cooperação no comércio regional com moedas locais, os participantes anunciaram o início das operações do Focem, um fundo de US$ 100 milhões anuais criado em 2005 para financiar programas de integração física do Mercosul, desenvolver a competitividade do bloco, promover a coesão social e apoiar o fortalecimento institucional, especialmente das economias menores.


 


“O Focem ajudará o Mercosul a ser visto também como um espaço onde os problemas econômicos de nossos habitantes são resolvidos”, disse Miceli, que acrescentou que foram apresentados projetos interessantes, especialmente por parte do Paraguai, para serem financiados pelo fundo.


 


A ministra argentina destacou que os países-membros do bloco, do qual Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru são sócios, esperam que o fundo comece a funcionar em 2007, com contribuições dos quatro países fundadores do Mercosul de acordo com o tamanho de sua economia.


 


Sendo assim, o Brasil será responsável por 70% dos recursos do fundo; a Argentina, por 27%; o Uruguai, por 2%; e o Paraguai, pelo 1% restante.


 


Mantega disse que o Focem terá um orçamento de US$ 70 milhões em seu primeiro ano de funcionamento e que financiará, entre outros, programas do Fundo de Erradicação da Febre Aftosa dos países do Mercosul.


 


“O Focem é um avanço para que o povo do Mercosul sinta mais o Mercosul”, disse, por sua vez, o paraguaio Bergen Schmidt.


 


Na reunião de Brasília, foram discutidos também os resultados do Grupo de Monitoramento Macroeconômico do bloco, cujo objetivo é homogeneizar as estatísticas macroeconômicas dos países-membros.


 


“Nosso modelo de longo prazo é a União Européia, que conseguiu uma moeda única e um só Banco Central. Mas temos um longo caminho a percorrer”, afirmou Mantega.


 


Da redação,
com informações das agências