Encontro de Cochabamba prepara próxima reunião do Foro SP

O PCdoB teve presença destacada na reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, que ocorreu nos dias 7 e 8 e que contou com a presença de vários partidos de toda a América-Latina. Este foi um dos muitos encontros ocorridos na semana passada&

Por Wadson Ribeiro


 


A bela cidade de Cochabamba, na Bolívia, foi ponto de encontro na semana passada de chefes de Estado, ativistas sociais e partidos políticos, que participaram de uma série de encontros internacionais que ocorreram na cidade.


 


Esses eventos refletiram com profundidade o rico momento em que vivemos no continente, marcado por uma resistência qualitativamente superior ao neoliberalismo e ao imperialismo norte-americano.


 


O PCdoB teve presença destacada na reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, que ocorreu nos dias 7 e 8 e que contou com a presença de vários partidos de toda a América-Latina. Dentre as presenças, destaca-se o PT-Brasil, o PRD-México, a FMLN(El Salvador), a FA(Uruguai), o PS(Chile), o PS(Peru), o PS(Equador), Frente Sandinista(Nicarágua), o PCC(Cuba) e o MAS(Bolívia).


 


A reunião do Foro teve como objetivo a preparação do 13° Encontro do Foro de São Paulo, que será realizado de 12 a 15 de janeiro do próximo ano em El Salvador e estima-se a presença de dezenas de partidos políticos e de organizações convidadas. Na ocasião, o Foro prestará homenagens ao primeiro aniversário do falecimento de Schafik Handal, grande líder salvadorenho e da FMLN e celebrará os 15 anos da assinatura dos Acordos de Paz em El Salvador.


 


Com a consigna “A nova etapa da luta pela integração latino-americana e caribenha” o encontro discutirá uma espécie de relançamento do Foro, à luz da nova realidade política da nossa região. Ao contrário de quando foi lançado em 1990, em um contexto de maior hegemonia do neoliberalismo na região, o Foro se depara agora com uma nova realidade. Vários partidos que compõem o Foro são forças principais ou participam de governos progressistas e anti- neoliberais, como é o caso do Brasil. A correlação de forças é mais favorável ao avanço das forças democráticas, das idéias avançadas e de mais conquistas para os trabalhadores.


 


Das inúmeras eleições nacionais que ocorreram nos últimos doze meses, as forças de esquerda venceram quase todas.Mesmo no México e na Colômbia, onde as forças conservadoras ganharam, a oposição saiu fortalecida. No México, várias manifestações dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda questionam o processo eleitoral marcado por denúncias de fraudes e manobras. Na Colômbia, o processo eleitoral interno do Pólo Democrático Avançado, reuniu mais de 550 mil filiados e se reaviva a perspectiva de vitória nas próximas eleições.


 


O tema geral do Encontro será debatido por quatro ângulos diferentes:
1. as propostas alternativas ao neoliberalismo, no âmbito político, social e econômico;
2. o colonialismo, a ingerência imperialista e os acordos de paz;
3. a segurança hemisférica, o crime organizado, o narcotráfico, o terrorismo e a militarização;
4. a relação entre as forças políticas, os movimentos sociais e os governos de esquerda e progressistas.


 


Esses quatro eixos serão apresentados e debatidos em plenário. Foi criada uma comissão do GT do Foro, composta pelo PRD, PT e FMLN,  que apresentará até a véspera do encontro um documento base a partir do qual se farão as emendas para a aprovação ao final do evento.


 


Outro aspecto importante da reunião foi o encontro entre o Foro de São Paulo e a Aliança Social Continental. Os participantes reafirmaram a necessidade de maior estreitamento das relações entre os movimentos sociais e os partidos políticos, como a adoção de campanhas conjuntas a exemplo da implementada contra a ALCA ou mesmo agora em relação aos TLC’s. A falta de espaços mais freqüentes de discussão como esses foi reclamada por todas as organizações.


 


O esforço pela consolidação e avanço desse novo tempo em que vivemos na América-Latina, somente será possível com um amplo movimento de mobilização social, que consiga superar a contra ofensiva das forças conservadoras, como assistimos na Venezuela quando tentaram depor por um golpe o presidente Chavez, ou mesmo agora nos ensaios ainda que iniciais em relação a constituinte boliviana, em que a oposição conservadora apresenta a bandeira dos 2/3 e tenta aglutinar a população com idéias golpistas e até mesmo divisionistas em relação ao estado boliviano.


 


 Cada vez mais se comprova a necessidade de constituições de frentes políticas amplas e anti-neoliberais no âmbito dos partidos para a consolidação de governos progressistas e de esquerda.Como cada vez mais necessitamos de movimentos sociais que compreendam que a independência e autonomia necessárias frente a esses governos, não podem significar contradições imobilistas ou vacilações esquerdistas. Ao contrário, a luta social nunca teve, como no momento, uma dimensão tão política.


 


Os partidos, os movimentos sociais, as lutas do passado e do presente são partes integrantes importantíssimas dessa nova América Latina que se descortina. É esse povo tão explorado e subjugado que se levanta e impõe uma nova marcha ao continente.


 


O Foro de São Paulo tem servido cada vez mais como um espaço de aglutinação das forças políticas de esquerda, progressistas e democráticas da nossa região. É uma referencia política que subsidia os caminhos da auto-determinação dos povos, da integração da região e da solidariedade internacional. O 13° Encontro do Foro contribuirá com seus debates para um novo rumo, ainda mais avançado, para toda a América Latina.


 


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