Disputa entre organizações palestinas ferem 32

Conflitos entre militantes dos grupos palestinos Hamas e Fatá deixaram pelo menos 32 feridos nesta sexta-feira (15/12) em Ramalá, na Cisjordânia.

Também houve confrontos nas ruas de Faixa de Gaza entre militantes  do Hamas e integrantes da força de segurança da Autoridade Palestina, liderada pelo Fatá.


 


Os choques começaram depois que o Hamas acusou um dos lideres da Fatá de orquestrar uma tentativa de assassinato contra o primeiro-ministro Ismail Haniya, em um posto de fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.


 


Sem apresentar provas, o porta-voz do Hamas, Ismail Radwan, disse que o ex-ministro de Segurança da Autoridade Palestina, Mohammed Dahlan “carrega pessoalmente a responsabilidade por essa tentativa de assassinato”.


 


Um dos principais aliados do presidente palestino, Mahmoud Abbas, Dahlan rejeitou as acusações, que classificou como uma tentativa do Hamas de “ocultar seus fracassos”.


 


A suposta tentativa de assassinato teria ocorrido na quinta-feira em meio a um tiroteio entre militantes dos dois principais grupos políticos palestinos em Rafá. Haniyeh saiu ileso, mas um guarda-costas foi morto e seu filho ficou ferido.


 


Líderes do Hamas e do Fatá têm alertado nos últimos dias para o risco de guerra civil nos territórios palestinos.


 


Os confrontos desta sexta-feira começaram em Ramalá, quando a polícia palestina tentou impedir o avanço de simpatizantes do Hamas, que tentavam marchar para o centro da cidade, para participar de um ato em comemoração pelos 19 anos do grupo, eleito no início do ano para o governo palestino.


 


Um repórter da agência Associated Press relatou que as forças de segurança montaram um cordão de segurança em volta de uma mesquita do Hamas e começaram a bater nos manifestantes quando eles tentaram passar.


 


Os manifestantes teriam reagido atirando pedras e garrafas contra os policiais, que então teriam passado a disparar as suas armas contra a multidão, levando vários manifestantes a se esconder.


 


A manifestação do Hamas, que reuniu cerca de 70 mil militantes e simpatizantes, acabou se transformando em um ato de demonstração de força do grupo.


 


Em discurso, o premiê palestino disse ter informações de que os disparos contra ele e seu comboio foram deliberados.


 


“Nós sabemos quem abriu fogo”, disse Haniyeh , referindo-se ao ataque de quinta-feira. “Nós aderimos a esse movimento para nos tornarmos mártires não ministros.”


 


O premiê palestino fez, no entanto, um apelo à união de todos os palestinos.


 


Mohammed Dahlan, o líder do Fatá acusado pelo Hamas é um antigo aliado de Abbas e crítico ferrenho do Hamas. Nos anos 90, foi ele quem liderou uma operação de repressão a manifestantes que se negavam a reconhecer a então recém-fundada Autoridade Palestina.


 


Abbas disse lamentar o ataque, mas Hamas o acusou de ter alguma responsabilidade no episódio.


 


A violência piora o cenário nos territórios palestinos, onde o Fatá e o Hamas negociam um governo de unidade nacional.


 


Desde que o Hamas venceu as eleições palestinas, no início deste ano, a região está sob embargo dos países ocidentais, que consideram o partido uma organização terrorista.


 


A suposta tentativa de assassinato contra Ismail Haniyeh teria ocorrido quando o primeiro-ministro aguardava para cruzar a fronteira do Egito para a Faixa de Gaza, na cidade de Rafá.


 


Por causa das sanções ao governo do Hamas, o premiê havia sido proibido de cruzar a fronteira com dinheiro arrecadado em um giro por países árabes.


 


Depois que deixou o dinheiro com assessores no Egito e cruzou a fronteira para Gaza, Haniyeh foi alvo de disparos, que acabaram matando um dos seus guarda-costas e deixando 27 feridos, incluindo o seu filho.


 


Um porta-voz do Fatá disse à TV al-Jazira que as alegações são “charlatanismo” do Hamas: “Isso é charlatanismo além de todos os limites. Os irmãos do Hamas estão mentindo abertamente”, declarou Mahir Muqdad.


 


O vice-ministro da Defesa israelense, Ephraim Sneh, disse lamentar que os tiros não tenham atingido o primeiro-ministro palestino.


 


“Emocionalmente, esse seria meu desejo. Mas reconsiderando a hipótese com calma, não creio que teria ajudado a resolver o problema”, declarou ele a uma rádio israelense.


 


A tensão entre os dois principais grupos políticos dos territórios palestinos escalou nesta semana, desde a morte de três crianças, filhos de um chefe do setor de inteligência do Fatá, na segunda-feira.


 


O premiê Ismail Haniyeh havia encurtado sua viagem aos países árabes para lidar com a tensão.


 


O presidente Mahmoud Abbas já falou na possibilidade de novas eleições, mas o Hamas vê essa possibilidade como uma tentativa de golpe contra o seu governo, eleito democraticamente.