CUT lança nota e campanha contra aumento dos parlamentares

A direção paulista da CUT (Central Única dos Trabalhadores) anunciou nesta sexta-feira (15/12) que vai lançar uma campanha contra o reajuste salarial de 90,7% – de R$ 12,847,20 a R$ 24.500 – aos parlamentares, acertado na quinta-feira entre as Mesas Diret

A entidade se diz “indignada com o super aumento”. E avisa que está orientando seus filiados a protestarem diretamente com seus deputados e senadores por meio de e-mail, fax e telefone. “Estamos orientando os nossos 330 sindicatos filiados em todo o Estado a se engajarem nesta luta denunciando esse vergonhoso aumento salarial dos parlamentares”, diz a nota divulgada.


 


“Esta é uma forma democrática e cidadã do trabalhador e da trabalhadora fazer valer o seu direito”, acrescenta o documento. A CUT-SP defende que o “super aumento é injustificável”: os parlamentares tiveram, nas últimas décadas, “reajustes satisfatórios nos seus salários”. A medida, diz a entidade, mostra que, em vez de dar um exemplo, o Congresso “transmite uma péssima imagem à sociedade brasileira”.


 


A CUT-SP também traçou um paralelo do reajuste dos parlamentares – “absurdo” – com o debate sobre o aumento do salário mínimo. “Enquanto os parlamentares elevam o seu próprio salário em 91%, querem conceder um pífio reajuste de 8% no salário mínimo”. Para a CUT-SP, o Congresso sistematicamente revela sua “falta de compromisso e interesse na votação de temas inerentes à classe trabalhadora”.


 


O reajuste também provocou protestos da CUT nacional, que, por meio de seu presidente, Artur Henrique, emitiu o seguinte informe:


 



NOTA OFICIAL


 


O acordo anunciado pelos líderes partidários da Câmara e do Senado para reajustar em inacreditáveis 90,7% os salários dos deputados e senadores que assumirão os mandatos em fevereiro de 2007, passando os seus vencimentos para R$ 24.500,00, é uma verdadeira bofetada no povo e na democracia brasileira. Com esta decisão, os deputados e senadores não contribuem para a defesa da política e do parlamento, ao contrário incentivam o achincalhamento das instituições democráticas.


 


Ao invés de demonstrarem tamanha insensibilidade e cobiça, os parlamentares deveriam estar somando esforços com as Centrais Sindicais, com as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros, no sentido de viabilizar o reajuste do salário mínimo para R$ 420,00 – e somente os recursos que os parlamentares querem para si próprios possibilitariam R$ 10,00 a mais no salário mínimo. Os nobres parlamentares poderiam também lembrar-se de lutar por mais recursos orçamentários para as políticas sociais, ao invés de estimular o efeito cascata dos reajustes nos estados e municípios e permitir que recursos públicos escoem pelo ralo.


 


Cabe dizer que não somos contra o reajuste dos salários dos parlamentares, desde que estejam em sintonia com os índices inflacionários do período e com a política salarial geral.


 


Esperamos que os deputados e senadores revejam o reajuste. E a CUT está organizando sua militância, as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros, para saírem às ruas e exigirem respeito. Além das mobilizações e dos abaixo-assinados já em andamento, estamos também analisando a possibilidade de ações jurídicas para reverter este despropósito.


 


Artur Henrique
Presidente