Na Unimep, professores e estudantes se unem contra reitoria

A Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) está às voltas com protestos de professores e estudantes contra a reitoria. O grupo está acampado em frente ao campus Piracicaba-Taquaral. Na última quinta-feira (7/11). o reitor Davi Ferreira Barros, comuni

O presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Eduardo “Mineiro” Freitaz, contou que estudantes e professores se reuniram em protesto às demissões na noite da mesma quinta-feira, armando de improviso um acampamento em frente ao campus Piracicaba-Taquaral. “Os manifestantes ainda estão alojados no local e pretendem permanecer lá até que a situação seja resolvida”, disse.


 


Eduardo explica que a demissão dos docentes infringe os direitos acadêmicos, desestruturando a grade curricular e a qualidade de ensino. Ele adianta que o próximo passo será dado nesta quarta-feira (13), após a reunião do Consun (Conselho Universitário), composto por alunos, professores, funcionários e reitoria.


 


A pauta da reunião será baseada na democratização das atitudes tomadas pela reitoria. “É preciso referendar as decisões, antes que elas venham à tona, pois a reitoria não pode se posicionar por si só”, afirma o estudante.


 


Contexto
Na segunda feira (11), foi realizada uma assembléia organizada pelos membros da Adunimep (Associação dos Docentes da Unimep), com mais de mil pessoas presentes. Depois de um longo debate, o conjunto dos professores da Unimep resolveu entrar em greve, solicitando a readmissão dos professores desligados.


 


Paulo Figueiredo, mesmo tendo em seu currículo 18 anos como professor da instituição, está entre os tantos outros demitidos por e-mail. Na sua opinião, a forma como os docentes foram desligados foi “uma covardia”. O professor avalia, mais amplamente, outros aspectos da crise. Para ele, o período pós-demissões pode representar o início de um sistema de “cabide de empregos”.


 


Os docentes que tinham seus cargos legitimados, por processos eleitorais e concursos públicos, seriam substituídos por profissionais desprovidos de mérito técnico-acadêmico, sem que houvesse nenhum tipo de avaliação para a colocação dos mesmos. “Isso que vem acontecendo, além de ser uma falta de respeito com os alunos e professores, representa 'o fim da instituição' e o desmonte da universidade, que mantinha um ótimo conceito, construído com o auxílio de todos”, diz o professor. E desabafa:


 


Do lado de lá
A reitoria alertou que a situação pode ficar ainda pior, pois não realizou os cálculos de quantos professores podem mais ser demitidos até que a universidade consiga equilibrar as contas. Ainda na segunda-feira, o reitor abriu uma portaria adiantando para aquele dia o recesso escolar. Segundo os alunos e professores, a manobra, de certa forma, pretendia anular o efeito das manifestações.


 


Na mesma portaria, o reitor teria afirmado que, seguindo a orientação da auditoria, a universidade tem que estabilizar o gasto com pessoal ao patamar de 60% do orçamento. Nesse caso, ele explicou que, “para o ano de 2007, a previsão orçamentária estava com déficit de mais de R$ 25 milhões”.


 


Na manhã de terça-feira, em entrevista a uma rádio educativa do município, o reitor falou sobre o 'caso Unimep' e justificou as demissões baseando-se na crise financeira. A declaração da reitoria foi “linkada” com o depoimento de alunos e professores, indignados com a atitude da direção da universidade.


 


Estudantes voltam a se manifestar
Depois disso, um grupo de manifestantes organizou passeata, que partiu do mercado municipal de Piracicaba, até o colégio Piracicabano, no centro da cidade. O manifesto, dessa vez, foi incrementado por um protesto sonoro que reunia a batucada da bateria e a barulheira do carro de som.


 


Os manifestantes se encarregaram de panfletar e discursar sobre a situação vivida em que se encontra a Unimep, a fim de externar o caso para a sociedade piracicabana. A aluna de Engenharia Química, Jéssica Bertanha, em email enviado à redação do EstudanteNet, expressa a situação de tensão vivida por alunos e professores dentro da instituição.


 


“Indignação e falta de respeito são as palavras certas para transmitir tudo que os alunos e professores da Unimep estão sentindo. Nós, os alunos, perguntamos: E agora? Manifestações foram realizadas e os protestos vão continuar, com apoio dos professores, na intenção de se achar soluções para atual situação”, escreve.