Saudações fascistas no velório de Pinochet

Uma imagem do velório do ex-ditador chileno Augusto percorreu o mundo inteiro: mostra três jovens que fazem a saudação fascista diante do general morto neste domingo, com a mão direita erguida. Os três, ligados a um grupo neonazista, expressaram com o ges

Na entrada principal da Escola Militar, que sediou o velório,  os “pinochetistas” – como eles mesmos se definem – elegeram como música mais cantada uma que não oculta sua simpatia fascistizante. “Faremos uma grande ponte por onde Augusto e seus soldados passarão. E vocês marxistas, exilados, onde comerão? Não tenha medo compatriota se te chamam de fascista. Aqui estamos, os pinochetistas”, dizem os versos.



Pinochetismo estava em baixa no Chile



A polícia chilena calculou em 60 mil o número de pessoas que compareceram ao velório. O cadáver do general de 91 anos homenageado com a saudação fascista foi exibido em câmara ardente envergando um uniforme de gala azul-marinho do Exército chileno.



O número surpreendeu. Nos últimos anos o pinochetismo explícito esteve em baixa no Chile. Sobretudo depois que o velho ditador se viu incriminado em dois processos por enriquecimento ilícito, com abundância de provas sobre contas milionárias em agências bancárias no exterior, a própria direita chilena preferiu guardar distância do seu ícone mais conhecido.



A morte deste domingo, porém, aparentemente devolveu algum poder de atração ao general que em 1973-1990 comandou uma das mais sangrentas ditaduras latino-americanas, responsável por mais de 3 mil mortos e desaparecidos, ao lado de 28 mil casos documentados de torturas. Chilenos de diferentes idades erguiam cartazes com a imagem de Pinochet, exibiam fitas negras amarradas no braço, em sinal de luto, e tiravam fotos. Outros aproveitavam para vender água, flores e guarda-sóis.



“Viúvas da ditadura” não são poucas



O Chile é provavelmente o país sul-americano onde são mais numerosas as “viúvas da ditadura”, como são chamados em tom jocoso os partidários do regime derrotado depois do plebiscito de 1988. Defensores do regime pinochetista, embora não mais do seu chefe, polarizaram a eleição presidencial deste ano, vencida no segundo turno pela ex-presa política Michelle Bachelet.



O país possui também uma forte tradição antiditatorial e a morte de Pinochet deu início a um braço-de-ferro de mobilizações. O Partido Comunista do Chile e outras forças de esquerda convocaram um ato público antipinochetista, diante do Palácio de La Moneda. Na praça em frente ao palácio fica o Memorial dedicado a Salvador Allende, o presidente socialista morto em 11 de setembro de 1973, quando Pinochet desfechou o golpe militar.



Com agências