Bolívia adverte contra separatismo na “Meia Lua”

As tentativas separatistas de vários chefes de departamentos da Bolívia confrontaram-se com a decisão do governo central de impedir a desintegração do país; e com um apelo ao Exército para que defenda a unidade. Nesta segunda-feira (11) o presidente Evo M

“A pátria não se vende, não se troca nem se divide”, advertiu Evo. Ele respondia a prefeitos (governadores) e Comitês Cívicos da chamada “Meia Lua” (departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, todos na parte oriental da Bolívia e os três primeiros fazendo fronteira com o Brasil), que criaram uma “Junta Autonômica” e convocaram para a próxima sexta-feira um encontro em cada capital departamental.



Diante das demandas, expressas em manifestos e comunicados, Evo Morales convocou o Exército a assumir uma posição contrária. “Forças Armadas que não defendam a pátria, o território, não têm razão de ser Forças Armadas”, sublinhou o presidente, em um evento no Colégio Militar de La Paz.



O presidente também chamou o povo e o Exército a identificar os inimigos sectários, regionalistas e as famílias que não querem perder seus privilégios, “que não querem ser solidários e acompanhar o processo de mudanças”.



Para Evo, as greves de fome iniciadas por alguns oposicionistas escondem outros interesses. Seu objetivo é lograr a divisão ou separação da Bolívia. Ele recordou que a atitude divisionista foi rejeitada pela maioria dos setores da sociedade, num referendo onde o “sim” à autonomia só se impôs em quatro dos nove departamentos do país.



Evo deixou claro para os quatro prefeitos da “Meia Lua” que autonomia não é sinônimo de subdivisão. E lembrou que o fato dos prefeitos serem eleitos diretamente, e administrarem 50% do orçamento nacional, mostra que já existe autonomia.
“Os grupos que buscam a separação do país pensaram que a autonomia, rejeitada pela maioria do povo boliviano, estava orientada para a divisão e não para o aprofundamento da descentralização”, lamentou Evo. “Agora que o governo começa a recuperar os recursos naturais para o Estado e para os bolivianos, esses grupos que venderam a Bolívia em leilão buscam a separação e a divisão”, agregou.



Sobre a insistência em uma maioria de dois terços e não de metade mais um, como forma de votação na Assembléia Constituinte, Evo apontou que pedir que a nova Constituição seja aprovada por dois terços em todas as suas fases “é desrespeitar a Lei de Convocação”. O artigom71 do Regulamento da Constituinte assinala que a Assembléia deve aprovar o texto final por dois terços dos presentes, destacou.



Evo Morales disse também que o debate sobre os dois terços é da Constituinte e não do governo. “Há uma Assembléia Constituinte, que tem a tarefa de promover mudanças estruturais, sociais, por meio de uma nova Constituição política do Estado, que permita integrar e unir a todos os bolivianos”, sublinhou o presidente.