PT admite retirar Chinaglia; movimento da base quer Aldo

O presidente em exercício do PT, Marco Aurélio Garcia, admitiu nesta segunda-feira (11) que o nome do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para presidente da Câmara “não é inamovível”. Ao seu  lado, o governador do Acre, Jorge Viana (PT) viu a duplicid

“Nós queremos ter um candidato para a presidência da Câmara. O Arlindo é um nome para valer, mas é um nome muito bom que está sendo submetido à coalizão. Eu acredito que ele possa ser o presidente da Câmara, mas isso não é uma coisa inamovível. O arlindo não quer ser um candidato do PT, ele quer ser o candidato da base. Nós queremos um candidato único”, afirmou Marco Aurélio.



“É  para valer, mas para ser discutido”



O dirigente petista negou que os movimentos em torno da presidência da Câmara, terceiro cargo na hierarquia da República, reflitam uma crise na base do governo Lula. “Toda essa idéia de que está havendo uma grave crise, de que o PT tinha complicado, melado a solução, não é verdade”, sublinhou.



“Nós queremos ter um único nome para a presidência da Câmara. Isso ficou claro desde o momento em que foi lançada a candidatura do Chinaglia. É um nome para valer, mas para ser discutido”, disse ainda Marco Aurélio, ressaltando a coerência de suas declarações sobre o tema, mas também contendo a disposição mais belicosa de setores da sua legenda.



Viana: “Um grave problema político”



Ao lado do presidente do PT, o também petista governador do Acre, Jorge Viana, foi ainda mais incisivo. Disse que “se a gente apresentar duas, três candidaturas, ninguém vai entender que coalizão é essa”.



“Não gostaria de me meter, mas o fato de existirem, até agora, duas candidaturas da base é um grave problema político. Temos que exercitar a coalizão, um ponto chave para o segundo governo do presidente Lula. Então, esse é um péssimo exemplo, porque se a gente não tiver entendimento na área que só político se mete, a gente corre o risco de perder de novo”, argumentou Viana.



O “de novo” é uma alusão à madrugada de 15 de fevereiro de 2005, em que dois candidatos petistas concorreram à presidência da Câmara e com isso abriram caminho para a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE). Para muitos observadores, a derrota daquela madrugada foi o estopim da crise política de 2005.



Jorge Viana foi apresentado por Marco Aurélio como “futuramente com funções que o farão sentir saudade do governo do Acre”, pois não vai “ficar sem função importante neste governo”. Circula a informação de que ele será o ministro encarregado da articulação política no segundo mandato do presidente Lula.



Jantar para “consolidar e reforçar”



Enquanto o PT sinaliza um recuo, deputados de diversos partidos preparam para lançar até quinta-feira (14) um movimento de apoio à reeleição de Aldo. A expectativa é que deputados de PSB, PP, PMDB, PFL, PSDB e até do próprio PT participem.



“A idéia é fazer o movimento e consolidar e reforçar a candidatura do Aldo antes que os deputados saiam de recesso para as férias de Natal”, explicou o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), um dos articuladores da proposta. O plano é promover um jantar ou um almoço para anunciar apoio à reeleição.



O projeto conta com a simpatia de Lula, que defende igualmente a reeleição para a presidência do Senado de seu aliado Renan Calheiros (PMDB-AL). O presidente tem devendido a permanência de Aldo, em conversas a portas fechadas, com o argumento de que “em time que está ganhando não se mexe”. Aldo e Renan apóiam um ao outro nas reeleições.



Entre os articuladores do lançamento estão os deputados Ciro Nogueira (PP-PI) e Inocêncio Oliveira (PL-PE), este um quase-candidato ao cargo, que se dispõe agora a apoiar o deputado comunista. Na bancada do PT, alguns deputados, em conversas reservadas, já teriam dado o recado que estão com Aldo, entre eles José Eduardo Cardozo (SP) e Paulo Pimenta (RS).



Aldo: “Não é educado, não é cortês”



Publicamente, Aldo Rebelo evita assumir a candidatura e mantém um discurso cauteloso. “A presidência da Câmara ou é um projeto de toda a instituição ou, pelo menos, um projeto amplamente ajoritário”, disse Aldo nesta segunda-feira (11).



“Não pretendo lançar o meu nome nos próximos dias, e nem o partido pretende”, disse ainda o atual presidente da Câmara. E qualificou de legítima a postulação de Chinaglia, “uma vez que o processo democrático dá ao parlamentar o direito de disputar o cargo”. Aldo não quis nem comentar outras possíveis candidaturas. “Não seria conveniente eu comentar o assunto. Não é educado, não é cortês e, no mínimo, não é diplomático discutir”, afirmou.



Ele também afirmou que acha muito cedo para discutir o tema, já que a eleição só acontece no dia 2 de fevereiro. “Estamos ainda muito longe do pleito. A eleição se quer foi encadeada em um processo mais profundo”, comentou.



Reações negativas à iniciativa petista



O nome de Arlindo Chinaglia, hoje líder do governo na Câmara, foi lançado na terça-feira da semana passada. Embora chinaglia seja um parlamentar de prestígio, a iniciativa petista desencadeou várias reações negativas.



Na quarta-feira, a bancada do PMDB anunciou que também pretende lançar um nome, a ser escolhido nesta quarta (13). Na quinta, Aroldo Cedraz (PFL-BA) venceu Paulo Delgado (PT-MG) no plenário da Câmara, para o cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União); a derrota foi explicada como “um recado” da base governista ao PT. Na quinta, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou a cláusula de barreira, dispositivo que poderia enfraquecer a candidatura Aldo.



Da redação, com agências