Iraque ocupado, campeão mundial de aumento da mortalidade infantil

O Iraque, militarmente ocupado pelos Estados Unidos desde 2003, foi o país que mais recuou nos últimos 15 anos em matéria de mortalidade infantil. Em 1990, a mortalidade iraquiana era de 40 crianças mortas antes de completar um ano, para cada mil nascidas

O retrocesso iraquiano não tem precedente. A tabela ao lado permite comparar os dados da Unicef sobre 191 países. E mostra um lado pouco conhecido da tragédia do país que é um dos berços da civilização mundial.



Efeitos da ocupação



Em 1990, o Iraque, mesmo castigado por dez anos de guerra com o Irã, seguidos pela primeira Guerra do Golfo, no início daquele ano, estava em 95º lugar no ranking mundial (organizado com os primeiros lugares para as taxas mais baixas de mortalidade infantil). Quinze anos depois, caíu 77 posições, para o 172º lugar.



Fontes sanitárias atribuem a piora a efeitos da ocupação. Entre estes, destaca-se o colapso dos serviços de saúde pública e saneamento básico, em especial o abastecimento de água.



A segunda maior piora foi de Botsuana, país africano assolado pela aids: foi de 45 por mil para 87 por mil no mesmo período. Caíu 53 lugares, do 107º posto no ranking para o 160º, 12 países acima do Iraque.



Afeganistão, de antepenúltimo para último



O outro país ocupado militarmente pelos EUA, o Afeganistão, invadido em 2001, também não faz bonito nas estatísticas da Unicef. Em 1990 o país, recém-saído da guerra contra a ocupação soviética, tinha o antepenúltimo pior índice de mortalidade infantil: 168 crianças mortas por mil nascidas vivas. Quinze anos depois, o índice moveu-se milimetricamente, para 165 por mil. No ranking, caíu para o último lugar, empatado com Serra Leoa.



Conforme a Unicef, 16 países além do Iraque tiveram agravado o quadro de mortalidade infantil, e nove permaneceram estacionários. Dois deles são ex-membros da União Soviética extinta em 1990; tanto a Rússia como a maioria dos outros países da ex-URSS caíram no ranking. Mas a lista dos que agravaram a mortalidade infantil é dominada por 12 países da África Subsaariana, vítimas da pandemia da aids.



Países que melhoraram os índices



O país que mais melhorou o índice foi Timor Leste, que passou de 133 por mil para 52 por mil. Timor galgou 53 posições no ranking, de 179º lugar para 126º lugar. A segunda maior melhora foi a da República Democrática Popular do Laos, de 120 por mil para 62 por mil e de 173º para 138º lugar no ranking. Em termos absolutos, devido a suas imensas populações, os países que salvaram mais vidas de crianças até um ano de idade foram a Índia (de 84 por mil para 56 por mil, 12 posições acima) e a China (de 38 por mil para 23 por mil, mesma posição no ranking).



O Brasil nestes 15 anos reduziu a mortalidade infantil de 50 por mil para 31 por mil segundo o relatório da Unicef. Isto representou um discreto avanço de três casas no ranking, do 111º lugar para o 108º.



Clique aqui para descarregar o relatório completo em PDF (espanhol).



Fonte: http://www.unicef.org