Relações Brasil-China precisam avançar mais, avalia especialista

O futuro das relações entre o Brasil e a China está mais nas mãos do governo brasileiro do que do chinês, avaliou o professor Lytton Guimarães, do Núcleo de Estudos Asiáticos (Neásia), vinculado ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), da

Numa alusão aos 20 anos de fundação da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, comemorados esta semana, Guimarães analisou que nesse período houve avanços nas relações bilaterais, muito concentrados na parte comercial, que aumentou de maneira rápida. Ele observou, contudo, que “o avanço não está correspondendo à  expectativa, que era muito otimista, e poderia avançar mais”.


 


Na parte política, o professor do Neásia disse que o relacionamento é bom, não há atritos sérios, mas existem algumas divergências. Isso ficou patente, segundo ele, no caso da pretensão do Brasil de assumir um lugar no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em que a China deu a impressão de que iria apoiar e não efetivou seu apoio. “A aproximação que se esperava não ocorreu”, afirmou Lytton Guimarães.


 


O professor avaliou que alguns projetos em conjunto entre os dois países estão caminhando, como o de lançamento de satélites, e só não estão em melhor situação “por causa da dificuldade financeira do Brasil, que atrasou muito suas contribuições. A China, por outro lado, cumpriu todas as etapas previstas”.


 


Na opinião do professor, o Brasil está ficando para trás, enquanto seu maior concorrente entre os países emergentes, que é a China, “está rapidamente assumindo um papel mais global”. A China está investindo na África, na própria Ásia, nas Ilhas do Pacífico, buscando parcerias com outros países. “E o Brasil vai ficando para trás”. Guimarães acrescentou que o investimento que se esperava no Brasil não está acontecendo.


 


Ele analisou que “o Brasil está numa fase de retrocesso e a crise na aviação civil é um exemplo disso. É uma crise muito séria que espanta os investidores. E a China tem muitas outras opções”. O professor do Neásia disse que se não há avanços, uma parte considerável disso é devido a problemas  internos do  Brasil.


 


O professor da UNB declarou que é preciso que o Brasil seja mais pró-ativo no que se refere às relações com a China, “porque a China está indo rapidamente e o Brasil está ficando para trás”.