Lula sugere criação de Parlamento da América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu aos chefes de Estado sul-americanos reunidos em Cochabamba, na Bolívia, a instituição de um Parlamento de países da América Latina.

“Seria fantástico se, além do Mercosul, tivéssemos um organismo assim”, disse, ao discursar na sexta-feira (8/12) na abertura da 2ª Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações. Lula pregou a união dos países da região em torno de projetos de integração social e comercial.



Ele disse que se pergunta por que os países ainda não se decidiram por esse movimento, lembrando que, em 2007, uma comissão composta por representantes sul-americanos vai articular planos para obras de infra-estrutura, energia, política social e integração financeira, que possam a desenvolver as regiões no ambiente jurídico, político e institucional.



Segundo o presidente, o desenvolvimento da América do Sul deve ter como objetivo as populações excluídas, com respeito à diversidade cultural da região. Para Lula, os presidentes do continente devem sempre acompanhar a execução de projetos, de modo que eles não se tornem “apenas mais um documento na mesa de burocratas”.



“Às vezes, os presidentes decidem tratados e um ano depois não se passou nada, porque há mais artigos para proibir que para permitir”, afirmou, ao defender a criação de um ambiente jurídico que assegure a realização dos acordos.



“Quero chamar atenção para um ponto essencial nos nossos objetivos: que a comunidade sul-americana estabeleça estreita relação com os movimentos sociais, elevando o nível social e econômico dos povos originários, afrodescentes, mulheres e, sobretudo, os trabalhadores. Todos eles, atores sociais e políticos que escrevem a história recente, abrindo um futuro de esperança de um mundo melhor”.



Na avaliação dele, nenhum país, por maior que seja, consegue promover sua economia isoladamente. Por isso, ele acredita que, unidos, os países latino-americanos podem se ajudar mutuamente, a partir da reciprocidade comercial.



Nesse sentido, ele lembrou que existe um processo de integração nos tratados que envolvem os países em comum, como o Mercosul, o da bacia Del Plata, a Aladi e o tratado de cooperação Amazônica.



Lula destacou ser preciso visar também a solidariedade com o destino dos países da América Central e do Caribe.



O presidente disse, ainda, que há possibilidade de muitos acordos, citando como exemplo o setor de serviços e de compras governamentais, em políticas de concorrência que criem benefícios equilibrados.



Afirmou também que o Brasil tem muito mais o que exportar para os países da região. E que é preciso fomentar um maior número de alianças entre as empresas, criando cadeiras produtivas que aproveitem o potencial energético da região — “o maior do mundo” — e desenvolvam a indústria aeronáutica, o transporte, a integração de conexões aéreas. Isso fomentaria o turismo, as comunicações, a construção naval, o setor de medicamentos e a indústria militar.



Por fim, Lula sugeriu que seja realizada, no primeiro semestre de 2007, uma reunião de ministros de indústria para articular ações visando ao desenvolvimento industrial e a criação de consórcios para áreas que sejam definidas em conjunto como estratégicas.



Para o presidente, isso deve ser feito tendo por base a segurança na justa remuneração, a preocupação com o meio ambiente, a inclusão social e a estabilidade das relações jurídicas.



A coordenação da exploração e distribuição de petróleo e gás foi outra sugestão apresentada na abertura da Cúpula. Lula também lembrou da ampliação da rede de interligação elétrica e do aprofundamento de cooperação em combustíveis renováveis, como o metanol e o biodiesel.