Chávez abraça Lula na primeira visita após a vitória

Chávez subiu a rampa do Palácio do Planalto nesta quinta-feira e quebrou o estrito cerimonial das visitas oficiais, ao prestar continência para Lula — ele é tenente-coronel do Corpo de Paraquedistas da Venezuela. Os dois trocaram um um efusivo abraço, posaram para fotos e acenaram a um grupo de crianças que visitava o Palácio no momento. Aos gritos infantis de “companheiro”, os dois presidentes fizeram sinal de positivo para os pequenos visitantes.

Refinaria leva nome de herói dos dois povos

A reunião no Palácio do Planalto tem em sua pauta os negócios entre a Petrobras e a Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA), estatal petrolífera venezuelana. Entre eles, destaca-se a construção da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, um empreendimento conjunto com custo de US$ 4 bilhões. O nome da refinaria é uma homenagem ao pernambucano Abreu e Lima, filho do padre Roma e pensador socialista, reverenciado como herói na Venezuela por ter combatido 14 anos como general do exército libertador de Simón Bolívar.

Chávez chegou nesta quarta-feira e permanece no  Brasil por dois dias. Ele retribui o gesto político de Lula, que também escolheu a Venezuela para sua primeira visita ao exterior depois de reeleito em 29 de outubro. Na época, a imprensa venezuelana e brasileira criticou o trecho de um discurso do presidente brasileiro, prevendo que Chávez ganharia a eleição; cunsiderou-o um “pedido de votos” e até uma “interferência nos assuntos internos venezuelanos”.

“O Brasil tem mais potencial”

Na noite anterior, ambos brindaram as respectivas vitórias com taças de vinho, em um jantar no Alvorada. Por volta da meia noite, ao deixar a residência oficial do colega brasileiro, Hugo Chávez conversou com jornalistas, em tom descontraído, e fez projeções otimistas.

“O Brasil pode crescer 5% ao ano. Até mais. Tem mais potencial de crescimento do que a Venezuela. Podemos ter a certeza de um crescimento vertiginoso para o Brasil e para América do Sul”, previu. O líder venezuelano disse que Lula comentou com ele durante o encontro a repercussão no Brasil sobre a possibilidade de o país vizinho permitir reeleições presidenciais infinitas.

“(Ele) respondeu que não tinha nenhuma preocupação, porque eu (Chávez) não vou ser candidato aqui, no Brasil. É uma resposta muito inteligente, porque é um assunto da Venezuela”, disse Chávez, reproduzindo uma conversa com Lula.

Além de Lula e Chávez, participam da reunião os ministros Celso Amorim, Relações Exteriores; Silas Rondeau, Minas e Energia e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Do lado venezuelano, estão os ministros das Finanças, Trabalho, Ciência e Tecnologia, Comércio e Indústria, Relações Exteriores, Minas e Energia, Planejamento e o presidente da PDVSA. Depois do encontro, Chávez viaja para a Argentina.

Da redação, com agências