México: Líder popular denuncia prisões e é detido em Oaxaca

Flavio Sosa, um dos líderes da rebelião popular que há seis meses paralisa a cidade de Oaxaca, no sul do México, foi detido na noite de segunda-feira (4/12) na Cidade do México, junto com o irmão dele, Horacio, e mais dois ativistas da Assembléia Popular

Desde o dia 25 de novembro, foram detidos mais de 200 integrantes da APPO, que reúne todas as organizações sociais do conflito. Segundo a APPO, 400 militantes estão presos. Grupos paramilitares também estariam atuando na região e são apontados como suspeitos de ''desaparecer'' com alguns manifestantes. O Comitê contra a Tortura da ONU recomendou ao governo mexicano que investigue as denúncias.



Sosa havia concedido no mesmo dia de sua prisão uma coletiva de imprensa na Cidade do México, com o intuito de anunciar que buscaria uma rodada de diálogo com o Ministério do Interior. Ele afirmou também que as autoridades aumentaram as ordens de prisão contra os dirigentes dessa organização.



A maior onda de repressão naquela que é considerada a mais bela cidade colonial do México começou em 25 de novembro, quando confrontos entre a Polícia Federal e manifestantes terminaram com o incêndio de quase 20 prédios públicos.



O governador do Estado de Oaxaca, Ulises Ruiz, declarou que ''não haverá anistia para os vândalos''. A procuradora-geral do Estado de Oaxaca, Lizbeth Caña Cadeza, chamou a APPO de ''guerrilha urbana'' e assinou as ordens de detenção.



Evolução
A rebelião começou com uma greve dos 70 mil professores do Estado, o segundo mais pobre do México, em maio. Desde 1983, o sindicato dos professores organiza uma greve nessa época por reajuste salarial.



Só que, desta vez, o governador Ruiz não só não atendeu à demanda dos professores como ordenou uma violenta repressão. Professores acampados na praça principal da capital foram desalojados à força.



Mas eles voltaram pouco depois. Cerca de dez mil professores ocuparam o centro histórico a partir de junho. A eles, se juntaram todos aqueles que tinham alguma pendência ou reivindicação grave a fazer ao governador, do movimento indígena a sindicalistas, de grupos guerrilheiros a desempregados.



A prioridade se tornou derrubar o governador, um caudilho do Partido Revolucionário Institucional (PRI), sigla que governou o México por 71 anos (1929-2000). Manifestantes ocuparam os principais prédios do governo estadual. Emissoras de rádio foram tomadas e o vandalismo se generalizou.



A repressão em Oaxaca coincide com a transição no governo federal, após a posse, na última sexta-feira, do conservador Felipe Calderón, do PAN.



Da redação, com agências