Boca de urna na Venezuela: Chávez 58%, Rosales 40%

O presidente bolivariano Hugo Chávez, candidato à reeleição, teria recebido 58% dos votos dos venezuelanos, contra 40% para  Manuel Rosales, governador do estado de Zulia, que unificou a oposição conservadora. Os números, que dão a Chávez 18 pontos d

A pesquisa diz ter ouvido mais de 400 mil eleitores, e apresentar uma margem de erro de 1,5 ponto para mais ou para menos. Durante toda a campanha eleitoral Chávez manteve em todas as pesquisas uma confortável dianteira sobre Rosales, enquanto os outros 12 candidatos foram tragados pela lógica bipolar da política venezuelana.



Primeiro boletim já pode ter 60%



Conforme a lei eleitoral do país, é proibida a divulgação de pesquisas de boca-de-urna antes da primeiro boletim do conselho. Como o boletim ainda não foi emitido, os resultados da Evans/McDonough ainda não podem ser divulgados dentro do país.
Em contrapartida, como o sistema eleitoral é todo eletrônico — votação e apuração –, é possível que o primeiro boletim já contenha informação sobre 60% dos votos, indicando uma tendência consolidada.



Além da apuração eletrônica, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela se comprometeu a contar, como forma de auditoria, 54% dos comprovantes eleitorais que a máquina emite. O processo eleitoral tem à frente a presidente do CNE, Tibisay Lucena. Ela destacou  a grande participação popular nas eleições, mas não adiantou cifras sobre o comparecimento às urnas.



Comparecimento sem precedentes



A eleição foi tranqüila e sem incidentes em todo o país — sob a vigilância de um exército de observadores internacionais. Todos coincidiram em elogiar a lisura do processo e o comparecimento em massa do eleitorado.



Ao fim da votação, até o comando da campanha de Rosales pediu “paciência” aos seus simpatizantes e reconheceu que “a maioria” das irregularidades apontadas pelo candidato conservador foram corrigidas pelo CNE. O comentário contemporizador foi de Teodoro Petkoff, que atuou como porta-voz do comitê de campanha do governador de Zulia.



Estima-se que a taxa de abstenção pode ficar abaixo de 30%, um recorde para os padrões da Venezuela, onde o voto não é obrigatório. O alto comparecimento em geral beneficia Chávez, já que a abstenção tradicionalmente costuma ser mais alta nas camadas populares, que formam a principal base de apoio do seu governo.



Mesmo no crucial referendo revogatório de 2004, em que a oposição jogou sua cartada decisiva para tentar desalojar Chávez do Palácio de Miraflores, 30,1% dos eleitores não foram votar. Desta vez, porém, uma ascensão de Rosales nas pesquisas da reta final estimulou o comparecimento dos eleitores dos dois campos políticos em que o país está cindido, sobretudo a partir do golpe de Estado frustrado de abril de 2002.



Chávez vai votar num fusca e faz aceno aos EUA



Chávez foi fotar às 11h30, dirigindo ele próprio um flamejante fusca vermelho. Depois de votar, falou à imprensa e aproveitou para enviar uma mensagem de não-beligerância aos Estados Unidos.



Ele disse que vê “bons sinais” nas declarações recentes do subsecretário do Estado americano para a América Latina, Thomas Shannon, reconhecendo que na Venezuela as instituições democráticas funcionam.



“Estive lendo à noite uma declarações do subsecretário do Estado para a América Latina, e como é bom quando um porta-voz de Washington reconhece que na Venezuela temos democracia e funcionam as instituições democráticas. Creio que são bons sinais”, disse o presidente.



 “Ele (Shannon) também disse que quer estabelecer boas relações com o novo governo da Nicarágua e com o novo governo do Equador, que são governos de esquerda. São bons sinais que vêm dos Estados Unidos”, acrescentou.



“Relações com todos”



Chávez disse ainda que está disposto a responder também de maneira positiva e que para a Venezuela “todos os países merecem respeito e com todos querermos ter boas relações, inclusive com os Estados Unidos”.



“Responderemos ao mundo com os melhores sinais e seguiremos tendo as melhores relações com todos, marcadas pelo respeito ao direito internacional, à paz, à autodeterminação dos povos e do impulso a um mundo com mais equilíbrio e em paz”, afirmou.



Da redação, com agências



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