Advogado de vítimas da ditadura suspeita da doença de Pinochet

O advogado chileno de direitos humanos Hiram Villagra levantou suspeitas sobre o real estado de saúde do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, internado às pressas na madrugada deste domingo (3) numa UTI do  Hospital Militar de Santiago. ''Pinochet te

''Honestamente, espero que ele não morra, e tenho sérias suspeitas de que essa situação está sendo demasiadamente simulada como parte de uma estratégia de defesa'', disse o advogado, de acordo com o jornal chileno La Tercera.



O caso da ''Caravana da Morte''



Villagra é o querelante no caso ''Caravana da Morte'' – grupo militar que logo depois do golpe de 1973 executou 75 presos políticos em sua passagem por várias cidades do Chile. Foi o episódio da ''Caravana da Morte'' que levou à decretação da prisão domiciliar do ex-ditador. O advogado acredita que, independentemente da crise de saúde de Pinochet, em breve os defensores de Pinochet tentarão obter sua liberdade provisória.



Villagra disse que tem essa suspeita porque a única fonte que oficializou a gravidade da situação do ex-comandante e chefe do Exército foi o Hospital Militar, o que leva a crer que poderia ser uma ''montagem para evitar que os processos judiciais sigam em curso''.



Oficialmente, o general que derrubou Salvador Allende no golpe de 1973, e até 1980 comandou uma ditadura responsável por 3.197 assassinatos políticos, sofreu um ataque cardíaco, está em estado grave e já recebeu a extrema unção. No Chile, onde a direita e a extrema direita permanecem fortes, ainda há quem enxergue Pinochet como um patriota e até um herói.



Pinochetista agride mulher na rua



Neste domingo, um agrupamento de cerca de 50 pessoas concentrou-se diante do hospital militar para gritar slogans a favor de Pinochet, que completou 91 anos no mês passado. A afluência reduzida se deveu a outras denúncias, afora as de torturas e assassinatois, que nos últimos dois anos passaram a envolver o general em episódios de corrupção, enriquecimento ilícito e evasão de fortunas para contas bancárias no exterior. A maior parte do público que admirava Pinochet como ditador não o perdoou como corrupto.



Mas o pequeno grupo protagonizou um episódio de violência. Quando gritava lemas pró-Pinochet diante do hospital, uma mulher que passava reagiu silenciosamente, fazendo um gesto com o dedo médio. Um dos manifestantes agrediu-a e derrubou-a no chão. Foi preciso que a polícia interviesse e levasse o pinochetista para o 19º comissariado da capital chilena, onde foi autuado por perturbação da ordem pública.



Michele: ''Violentaria tremendamente''



A alegada enfermidade do general Pinochet coloca um delicado problema para a presidente do Chile, Michelle Bachelet, empossada em março passado. Ela foi presa política e exilada nos anos 70, e seu pai é uma das 3 mil vítiumas da ditadura chilena.
Embora o fim  da tirania chilena tenha sido negociado, e Pinochet seja oficialmente um ex-chefe de Estado institucionalmente reconhecido, Michelle manifestou que render homenagem ao general, no caso de falecimento, a ''violentaria tremendamente''. Uma interpretação do cerimonial de protocolo do Ministério do Exterior adiantou que a presidente está desobrigada de render a constrangedora honraria.



Já o comandante em chefe do Exército chileno, general Oscar Izurieta, manifestou já em agosto outro entendimento. Disse que, enquanto não se concluirem os processos contra o ex-ditador, este deve ser presumido como inocente e a instituição terá que lhe render homenagem.



Da redação, com agências