Kirchner pede a Vásquez que não realce xenofobias do passado

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pediu ao uruguaio Tabaré Vázquez que não enlouqueça nem realce xenofobias do passado, ao criticar nesta quinta-feira (30/11) a custódia militar de uma fábrica de celulose finlandesa que é construída no Uruguai e

“Por Deus, não se deve enlouquecer nem se deve buscar lucros internos em algo que nos comove, tratando de mostrar xenofobias do passado. Não merecíamos esta afronta”, disse o presidente argentino, durante um ato público em referência à decisão de Vázquez de ordenar às Forças Armadas a vigilância da fábrica de celulose que a empresa finlandesa Botnia constrói na cidade de Fray Bentos, às margens do rio Uruguai, que marca a fronteira com a Argentina.



Kirchner assegurou que lhe deu muita pena a decisão de Vázquez, a quem pediu que “retifique esse erro” e advertiu que “não se deve buscar lucros internos e realçar xenofobias do passado”.



O chanceler argentino, Jorge Taiana, assinalou que o governo de seu país avalia enviar uma nota de protesto ao Uruguai, enquanto o ministro do Interior, Aníbal Fernández, considerou que a atitude das autoridades uruguaias foi desmedida.



Reações
O pró-secretário da Presidência do Uruguai, Jorge Vázquez, disse que a medida foi adotada “por razões de segurança” e disse que “apesar de a vigilância competir à Polícia, optou-se pelas Forças Armadas” para prevenir incidentes.



A decisão do Executivo uruguaio suscitou a irritação da Assembléia Ambiental da cidade argentina de Gualeguaychú, que há dez dias retomou o bloqueio da ponte que conduz a Fray Bentos, uma das três passagens fronteiriças entre ambos os países.



“Da Argentina em relação ao Uruguai não há nenhuma tentativa de violência nem nenhuma medida que não seja pacífica”, ressaltou Juan Veronesi, um dos participantes da assembléia a emissoras de rádio de Buenos Aires. “Isso é um erro político gravíssimo do governo uruguaio, que deu uma má informação sobre nossa posição”, acrescentou.



Os moradores de Gualeguaychú também criticaram o Uruguai por ter denunciado a Argentina à Corte Internacional de Justiça (CIJ), de Haia, pelo bloqueio da ponte de Fray Bentos, que foi retomado no último dia 20.



A CIJ anunciou que no próximo dia 18 realizará uma audiência pública sobre o pedido do Uruguai para que tome medidas cautelares que permitam garantir o tráfego para a Argentina.