B.B. King, um “garotão” de 81 anos, encanta público em SP

“Vocês estão cansados?”, perguntou B.B. King à platéia, quase ao final do show no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, na quinta-feira (30/11). Foi uma das muitas piadas que o rei do blues fez com a própria idade, 81 anos. King faz mais três shows em

Apesar das brincadeiras e da excelente disposição, o cantor e guitarrista reafirmou que esta é sua turnê de despedida, a Farewell World Tour, após a qual ele passará a tocar apenas nos Estados Unidos.


 


O primeiro show da turnê no Brasil atraiu a nata do PIB nacional. Trezentas pessoas pagaram de 900 reais a 2.300 reais para ver de perto a lenda viva do blues. Tão perto que ele chegou a puxar conversa com pessoas sentadas nas primeiras filas.


 


“Quando eu era jovem, tinha um bigode igual ao seu”, disse para um senhor. No intervalo entre duas músicas, chamou uma senhora à frente do palco e beijou a mão dela. Muito falante, não poupou referências sexuais ao contar seus famosos “causos”.


 


“Muita gente me diz que, com essa idade, certamente recebo assistência médica. Sim, tenho o doutor Viagra.” E mais: “Uma garota me disse que o marido dela devia se consultar com meu 'doutor'. Eu perguntei sua idade, e ela disse que tinha 23 anos. Então falei: 'Esqueça seu marido e venha comigo.” Gargalhadas gerais na platéia.


 


Repertório
O velhinho com jeito de garotão, mesmo sentado o tempo todo, requebrou-se, fez pose de roqueiro e suas famosas caras e bocas, sendo aplaudido a cada trejeito. E mostrou que não só o espírito permanece jovial. Soltou o vozeirão ainda potente em músicas como I Love You So Bad e fez em sua guitarra Lucille os vibratos que marcaram a história do blues.


 


Como havia prometido na coletiva à imprensa, um dia antes, o repertório foi mais animado que o da turnê anterior, em 2004, com várias músicas em ritmo pulsante, como Bad Case Of Love, Rock Me Baby e até o clássico de New Orleans, When The Saints Go Marching In.


 


Com um certeiro senso de dinâmica, alternou essas levadas com um set mais intimista, sem o naipe de metais e com os outros músicos sentados à sua volta. Depois, fez todo o público entoar o refrão de When Love Comes To Town, que ele gravou com o U2. Não esqueceu seu maior sucesso, The Thrill Is Gone, e deu novo significado aos versos de Key To The Highway: “When I leave this town / I'm gonna back no more / So, goodbye!” (Quando eu deixar esta cidade / não voltarei mais / Então, adeus!).


 


Sem jam session
Depois de quase duas horas de show, não houve bis. Antes de ir embora, ele chamou ao palco o grande guitarrista de jazz Stanley Jordan, que assistiu ao espetáculo na primeira fila, mas frustrou os que imaginavam ver uma jam session entre os dois. Ninguém reclamou – afinal, já tinha sido uma noite memorável.


 


A popularidade de King foi comprovada em uma iniciativa inédita no show business brasileiro. Dez pares de ingressos para o show foram leiloados, com um lance mínimo de R$ 2.400. No final, atingiram o valor de R$ 4.600. A renda foi revertida para a Associação Cruz Verde, que atende crianças com paralisia cerebral. Antes da apresentação, o diretor do Bourbon, Edgard Radesca, agradeceu aos “que pagaram essa fortuna”.