Discurso de Lula na Nigéria critica protecionismo dos ricos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou nesta quinta-feira (30), em discurso na Cúpula África-América do Sul, na Nigéria, as barreiras protecionistas dos países ricos. “Queremos ampliar o comércio de bens e serviços para promover o desenvolviment

“Se queremos outra globalização, menos desigual, mais solidária, precisamos construir parcerias estratégicas que atendam os países mais pobres”, disse o presidente brasileiro, que discordou da imprensa de seu país ao enfatizar a importância do encontro. “Esta cúpula abre um novo capítulo na história das relações sul-sul. Duas regiões em desenvolvimento se reúnem por vontade política própria, sem intermediários”, destacou Lula, enquanto a mídia brasileira sublinhava as ausências dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Nestor Kirchner (Argentina) e Michelle Bachelet (Chile).



“Prioridade indiscutível” para a África



Lula, que realiza sua sexta viagem à África em quatro anos de primeiro mandato, voltou a destacar a importância que seu governo atribui ao continente.  “Hoje a África é para o Brasil uma prioridade indiscutível. Desde o início do governo, visitei 17 países africanos e recebi 15 líderes da região, além de ter reaberto 12 embaixadas brasileiras”, disse. Destacou também os dividendos derivados dessa prioridade. O comércio entre os dois continentes cresceu 110% nos últimos quatro anos e a África passou a consumir 5% das exportações do Brasil.



O discurso do presidente apontou que a paralisação das negociações na Organização Mundial do Comérico (OMC) afeta os países em desenvolvimento; e defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde o Brasil reivindica uma cadeira permanente. “Precisamos adaptar as instituições aos nossos tempos. A reforma da ONU é vital para fazer frente aos novos desafios. O Conselho de Segurança reflete uma ordem internacional que não existe mais. Sua ampliação, com novos assentos permanentes e não-permanentes, para países em desenvolvimento, é a chave para torná-lo mais legítimo e democrático”, afirmou.



No campo econômico, Lula destacou o papel potencial dos biocombustíveis para desenvolver os países do Sul. “Esses combustíveis têm um enorme potencial para realizar uma verdadeira revolução agrícola e energética em nossos continentes, pois diversificam a matriz energética, criam abundantes empregos, mantêm a população no campo e favorecem o comércio exterior”.



Encontros bilaterais



Mesmo com o tornozelo machucado, o que o obrigou a se deslocar em cadeira de rodas e com o pé enfaixado, Lula manteve sua agenda de quatro encontros bilaterais com chefes de Estado africanos. Após quatro dessas reuniões na quarta-feira, ele teve hoje um café-da-manhã de trabalho com o presidente da Líbia, Muamar Khadafi.



“A parceria com a Líbia deve aumentar, com maior participação de construtoras brasileiras em obras líbias e novas operações da Petrobras”, comentou depois do encontro o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, que até as eleições ocupava o cargo de Secretário Especial para Assuntos Internacionais, e acompanhou a reunião. Os outros interlocutores de Lula foram os presidentes  do Togo, Fauré Gnassingbe, de Gana, John Agyekum, da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, e de Moçambique, Armando Guebuza.



Khadafi falou logo depois de Lula na Cúpula África-América do Sul. Também ele enfatizou a necessidade de se reformar o Conselho de Segurança da ONU. “É hora de acelerarmos o passo e vencer desafios, deixando de ser apenas fornecedores de matérias primas e nos tornarmos industrializados”, disse o líder líbio. E expressou apoio a Hugo Chavez, que não foi à cúpula devido às eleições venezuelanas do próximo domingo, onde ele concorre à reeleição.



Da redação, com agências