Direção do PMDB aprova governo de coalizão Lula

O Conselho Nacional do PMDB decidiu nesta quinta-feira (30), em Brasília, aceitar a proposta de coalizão com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A incorporação do grande partido de centro, que elegeu a maior bancada da Câmara e tende a ter

No organograma peemedebista, o Conselho Nacional é  formado por 67 membros e funciona como uma instância intermediária, entre a Executiva (24 membros) e o Diretório Nacional (169 membros). A consulta de hoje, porém, foi ampliada com a  participação de deputados e senadores, totalizando  mais de cem pessoas.



“É um foro muito qualificado de todo o partido para discutir essa matéria”, avaliou o presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), hoje convertido à participação no governo Lula.



Consultas prévias



Temer disse que ouviu diversas lideranças do PMDB e colheu sinalizações positivas no sentido de formalizar a coalizão. Ele  acredita, com base nessas consultas, que  todos os governadores do partido a maioria dos peemedebistas apoiará o governo Lula. Presente na reunião de hoje, o governador Germano Rigotto (RS) defendeu aprofundamento do conteúdo. ''Além de darmos sustentação, deve haver uma discussão do conteúdo das propostas'', disse Rigotto.



Uma dessas consultas, no almoço desta terça-feira no apartamento de Temer, reuniu o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung, e do Amazonas, Eduardo Braga, o senador José Sarney (AP) e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia. Foi uma preparação da reunião mais ampla de hoje.



Um quadro novo no partido



É um quadro novo na legenda, fraturada desde o governo Fernando Henrique Cardoso em duas alas principais, afora querelas menores e regionais. O próprio Temer apoiou a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB-PFL). Já Rigotto permaneceu neutro na disputa presidencial. E a grande maioria dos peemedebistas engajou-se na campanha de Lula, no primeiro turno ou no segundo.



Voz discordante na reunião de hoje, o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE), derrotado em seu estado, mantém a postura de oposição. ''Não vamos ficar nessa de ficar alinhados. O PMDB vem cometendo erros e esse é mais um deles, de se alinhar automaticamente ao governo. Esse não é o caminho para a recuperação do partido'', disparou. No entanto, apenas a representação de Pernambuco votou contra, enquanto a do Acre se absteve.



O papel da agenda na coalizão



Conforme Michel Temer, o apoio do PMDB se tornou possível graças à agenda de coalizão proposta pelo presidente da República, na conversa entre os dois no último dia 22, no Palácio do Planalto. “O governo tomou a providência de fazer esse trato institucional com os partidos políticos, tomou a providência de apresentar uma pauta, acho que isso é ímpar, é inédito, eu, pelo menos, não me recordo de uma conjugação de forças políticas, no passado, que se ancorasse numa proposta de projetos para o país”, entusiasmou-se.



De acordo com Temer, o partido “não aceita apoio em troca de cargos”, mas em troca de projetos, consubstanciado na agenda. No encontro com Lula, o eventual convite para ocupar cargos no governo não chegou a ser discutido, disse o peemedebista, para quem essa discussão ''será uma conseqüência''.



O que dizem os sete pontos



A agenda mínima de governo proposta por Lula ao PMDB inclui sete itens, repassados também ao PT e aos demais componentes em perspectiva do governo de coalizão. Ela tem como primeiro ponto a reforma política e como sétimo a criação de um conselho político formado pelos partidos da coalizão. Os sete pontos são os seguintes:



1 – Reforma política para garantir ''uma representação transparente e responsável para constituir bons níveis de governabilidade''.



2 – Reforma tributária com redução gradual da carga de impostos e estímulos à iniciativa para investimentos; desoneração seletiva visando a produção de bens e serviços de consumo da população de baixa e média renda.



3 – Política econômica, monetária e fiscal comprometida com um crescimento mínimo de 5% nos próximos quatro anos, controle da inflação e prioridade nos investimentos de infra-estrutura, educação, saúde, ciência e tecnologia.



4 – A evolução das despesas correntes deve ser inferior ao crescimento do PIB, priorizando a manutenção das despesas destinadas à melhoria das condições de vida das regiões metropolitanas, no que se refere à saúde, educação e infra-estrutura.



5 – Consolidação das políticas de transferência de renda em andamento e integração dessas políticas com ações de natureza educacional, técnica e superior para abrir oportunidades de emprego ou de atividades.



6 – Fortalecimento da federação, reexaminando as dificuldades fiscais de cada estado, enfrentando a questão da segurança pública com a colaboração dos três níveis de governo.



7 – Criação de um conselho político composto pelos partidos de coalizão para acompanhar as ações de governo.



Da redação, com agências