Câmara: Chinaglia admite candidatura se houver acordo

O líder do governo no Congresso, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu nesta quarta-feira que é um dos nomes do partido para a disputa da presidência da Câmara, embora repita o discurso de que a solução será negociada com os demais aliados. ''[A

Cláudio Gonzalez,
com agências


 


O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu nesta quarta-feira a possibilidade de concorrer à presidência da Câmara. Em rápida entrevista nos corredores da Casa, ele disse que a possibilidade de vir a disputar o cargo existe, mas que isso dependeria da bancada do PT e de negociações com os partidos que apóiam o governo.


 


O petista disse ainda que não fará nada que prejudique a liderança do governo, e deixou claro que não existe recuo do PT, já que o partido nunca lançou um candidato e, por isso, não poderia retirar uma candidatura inexistente.


 


''É um processo longo de amadurecimento aqui na Câmara dos Deputados. Existe a possibilidade de eu vir a ser candidato, mas é claro que sou dependente da bancada e dos partidos que apóiam o governo. Ninguém vira presidente da Câmara só porque quer ou só porque o partido quer. É preciso ter amplo apoio na Câmara. Estamos avaliando'', disse Chinaglia.


 


Nesta terça-feira o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, já havia dito que o partido não abandonou sua pretensão de presidir a Câmara. Garcia também defendeu um candidato único do governo , evitando assim o resultado da eleição de 2005, quando o PT lançou dois candidatos, dividiu o Congresso e abriu caminho para a vitória de Severino Cavalcanti – que renunciou após uma denúncia de fraude no contrato de um restaurante da Câmara. Ele lembrou, inclusive, que na sucessão de Severino, que renunciou para não ser cassado, a base se unificou e elegeu o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).


 


O governo tem sugerido aos partidos aliados, segundo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que comecem a negociar desde já a presidência da Câmara, em vez de deixar para janeiro a articulação. Ele disse que esse é um assunto exclusivo dos deputados e que o governo não vai interferir.


 


''Essa questão o governo está só acompanhando. É uma coisa típica da Câmara. A sugestão que o governo tem dado, quando esse tema aparece, é que este é um bom momento para os partidos que vão integrar a coalizão já iniciarem, a partir de agora, e não de janeiro, uma conversa sobre esse tema'', afirmou.


 


Apesar da promessa de não interferir, o presidente Lula tem dito a interlocutores que lhe agrada a idéia de ver Aldo Rebelo reeleito para a presidência da Câmara.


 


O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em declaração ao portal Terra, disse que o partido não irá lançar a candidatura de Aldo caso não tenha apoio da ampla maioria da base governista no Congresso. ''O Aldo só poderá ser candidato com apoio da ampla maioria da base. Esta é a única condição para que ele dispute a reeleição''.


 



Defesa antidemocrática


 


Enquanto ensaia seus primeiros movimentos para a disputa da presidência da Câmara, Chinaglia bate de frente com um grupo importante de parlamentares, inclusive aliados de primeira hora do governo Lula. No mesmo dia em que representantes do PCdoB, PSOL, PV e PRB, com apoio do PSB, realizaram em Brasília um ato denunciando o caráter antidemocrático da lei que instituiu a chamada ''cláusula de barreira'', Chinaglia declarou que ''não tem cabimento a revogação da lei''.


 


Chinaglia e parte significativa das lideranças petistas não escondem que preferem um cenário político com poucas legendas funcionando plenamente a um ambiente de liberdade partidária como existe hoje.


 


No ato desta quarta-feira, intitulado ''Por uma Reforma Política Democrática e Pluripartidária'', o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) compôs a mesa ao lado do presidente da República em exercício, José de Alencar, e dos presidentes do partidos promotores do evento – PCdoB, PRN, PSOL e PV.


 


Em seu discurso, Aldo destacou que ''a reunião que nós realizamos aqui na Câmara não tem como objetivo a defesa de interesses partidários, corporativos. Trata-se de escolha, de chegarmos a conclusão se o Brasil comporta democracia profunda, verdadeira, duradoura, ou se o Brasil assume os riscos de restringir direitos e liberdades''.


 


O vice-presidente José de Alencar, o último dos oradores do evento, elogiou o discurso de Aldo Rebelo e apoiou as iniciativas que buscam a suspensão das restrições democráticas impostas pela lei dos partidos, defendida por Chinaglia.