Aldo faz discurso em defesa da liberdade

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP – foto) fez uma analogia à necessidade da liberdade de imprensa na democracia para defender a liberdade partidária, tema do ato político “Por uma Reforma Política Democrática e Pluripartidária”, nesta quarta-feira (29),

“O jornalista renuncia a sua liberdade em nome da liberdade do dono da empresa”, disse Aldo a uma platéia formada por jornalistas que cobriam o evento e parlamentares, militantes e simpatizantes dos partidos promotores do evento – PCdoB, PRB, PSOL e PV. A declaração recebeu longos aplausos, que encobriram as palavras de Aldo.


 


A declaração, repetida outra vez durante o discurso, de que “muitas vezes vimos impressos nas páginas dos jornais uma opinião do jornalista distinta das suas opiniões pessoais”, serviu para a avaliação do parlamentar: “Será que mesmo numa situação dessa seria possível restringir a liberdade de imprensa? E nós diríamos que não”.


 


Ele lembrou o caso ocorrido nos anos 90, quando a sede da Folha de São Paulo foi invadida pela Polícia Federal. “Foi um deputado do PCdoB que apresentou moção de repúdio pela violência que a Folha sofreu e o jornal mandou um dos seus diretores receber aqui a solidariedade. Porque nós temos consciência do valor da liberdade, não como liberdade política, mas no sentido filosófico, a liberdade de espírito, onde se constitui qualquer tipo de sistema que assegure a liberdade e construção da democracia – liberdade de imprensa, religiosa e  a liberdade partidária”.


 


Segundo Aldo Rebelo, cujo discurso recebeu elogios do vice-presidente José de Alencar, também presente ao evento, “essa liberdade concedida à Folha de São Paulo, não ao jornal, mas à sociedade, não pode ser restringida a nenhum grande jornal, sob pena de ameaçar a liberdade do pequeno folheto publicado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Betim”.


 


O parlamentar comunista continuou, fustigando mais uma vez os jornalistas: “Em função disso, e mesmo sabendo que muitos dos nossos companheiros jornalistas assinam contrato de renúncia de usar a sua liberdade em favor da liberdade de seus editores e donos de jornais, nós não teríamos condições morais, filosóficas e nem políticas de defender qualquer tipo de restrição à  liberdade de imprensa no Brasil”, afirmou.


 


Aldo utilizou dos textos de Karl Marx, que trata da liberdade de imprensa, para explicar que, como diria o filósofo alemão: “A liberdade é a liberdade do outro, porque não existe liberdade absoluta e nem a falta de liberdade completa. O estado Alemão preservou a sua liberdade e restringiu a liberdade de imprensa”.


 


Valores permanentes e profundos


 


Ele explicou que “a reunião que nós realizamos aqui na Câmara não tem objetivo a defesa de interesses partidários, corporativos. Trata-se da defesa de valores muito mais permanentes, mais profundos, de escolha e encruzilhada que acompanha a luta pela liberdade e pela democracia há séculos no Brasil e no mundo. Trata-se de escolha, de chegarmos a conclusão se o Brasil comporta democracia profunda, verdadeira, duradoura, ou se o Brasil assume os riscos de restringir direitos e liberdades.


 


Aldo citou também o político alagoano, Tavares Bastos, que, na metade do século passado, já se inquietava com temas atuais como a cláusula de barreira. “Se você bane da vida partidária e da vida legal as minorias, onde elas vão buscar o espaço para ação política, na clandestinidade, nos métodos violentos?”.


 


O Presidente da Câmara encerrou seu discurso cobrando da Câmara um posicionamento sobre essa e outras questões mais antigas e profundas. “Eu creio que essa casa do povo brasileiro tem o desafio de refletir sobre o direito dos partidos, a liberdade partidária, que, como a liberdade de imprensa, integram um objetivo mais permanente, mais constante, que é a construção da democracia e nos remete ainda para uma questão mais antiga, mais questionadora, o que é democracia, o que é mesmo a liberdade?”


 


De Brasília
Márcia Xavier