Tecnologia da internet elétrica avança no Brasil

É comum descobertas tecnológicas serem anunciadas com grande estardalhaço, apenas para que entraves técnicos ou comerciais reduzam o que seria uma revolução a outra idéia engavetada. Também acontece de, um pouco mais à frente, o mesmo conceito ressurgir c

Foi assim com os mecanismos de busca na web, que vieram e se foram às pencas no final dos anos 90 — quem não se lembra do americano AltaVista e do brasileiro Cadê? —, até que o Google transformou uma atividade desacreditada em um negócio que vale mais de 100 bilhões de dólares em bolsa. Agora, algumas empresas e investidores estão de dedos cruzados para que essa trajetória se repita com a PLC (sigla de power line communications), que existe há uma década e nunca conseguiu justificar na prática o entusiasmo que desperta na teoria. No Brasil, os primeiros projetos desse tipo começaram há pelo menos cinco anos. Funcionaram, mas não convenceram.


 



As tentativas iniciais de oferecer internet pela rede elétrica mostraram que o serviço era instável e caro. A tecnologia, porém, não parou de evoluir. Recentes aprimoramentos elevaram a velocidade de tráfego de dados para até 200 Mbps, ou centenas de vezes mais do que um serviço residencial básico de banda larga. O principal atrativo é aproveitar uma estrutura já disponível e que tem enorme capilaridade: 98% dos lares do Brasil são servidos pela rede elétrica. No ano que vem, a Eletropaulo Telecom, braço de telecomunicações da distribuidora de energia, planeja fazer testes em massa em alguns bairros de São Paulo.


 


Dúvidas


 


A PLC também é promissora para uso interno das empresas, já que não é preciso operar um serviço público de telecomunicações nem reunir os investimentos necessários para atender cidades ou bairros inteiros. Em um edifício que adota PLC, qualquer tomada transforma-se em um ponto de rede. Algumas pequenas companhias especializadas oferecem esse tipo de serviço no país. É o caso da Integradores, que realizou dois projetos nos últimos seis meses. Para a Colortronic, fornecedora de serviços de impressão digital com sede no Rio de Janeiro, a Integradores montou o sistema de telefonia, as câmeras de vigilância e a rede de computadores sobre a infra-estrutura elétrica, aproveitando a mudança da empresa para um edifício térreo de 2 mil metros quadrados.


 


Apesar dos avanços, ainda há dúvidas sobre até que ponto a PLC será um bom negócio como serviço público. Uma das preocupações é a instabilidade do sistema, que pode sofrer interferência de aparelhos eletrodomésticos. Outro desafio é garantir custos competitivos. Em junho de 2005, a Energias de Portugal (EDP), empresa portuguesa que atua na área de produção e distribuição de energia, iniciou a oferta de internet pela rede elétrica. O pacote, que reunia conexão de 2 Mbps e telefonia, custava cerca de 30 euros; com 5 Mbps, o preço subia para 45 euros. Há dois meses, a EDP anunciou que vai desistir do negócio. “Não tivemos problemas de qualidade técnica, mas a margem de lucro era pouco interessante”, diz José Aguiar, engenheiro da EDP. Além disso, a internet também começa a vir pelo ar, por meio de tecnologias de transmissão sem fio, como Wi-Max. É mais uma opção.


 



Com agências