Levante do Busão: Estudantes ''enterram'' Lembo e Kassab em SP

Cerca de mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista na manhã desta terça-feira (28), em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), tradicional palco de concentração das manifestações estudantis. Ali, começava o ''Cortejo Fúnebre'' do transporte público

A partir de quinta-feira, as passagens subirão para R$ 2,30, um aumento abusivo, acima da inflação. Com essa irreverência é que o Levante do Busão – série de manifestações que as entidades estudantis promovem desde quinta-feira passada (23) – realizou mais uma manifestação nas ruas da capital. Faixas, cartazes, tambores, apitos, caras-pintadas e catracas de papelão deram o tom bem humorado à passeata.


 


Organizado pela Ubes, UNE, Upes e UEE-SP, o protesto ganhou o reforço de outras entidades estudantis municipais, como a Umes-Suzano (União Metropolitana dos Estudantes Secundaritas) e o grêmio da Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas. Participaram também membros da CUT e da Unegro.


 


Após dois dias de fortes chuvas na capital, o sol e o calor da capital embalaram a passeata dos estudantes. A longa marcha percorreu parte da Av. Paulista, depois ocupou a Av. Brigadeiro Luis Antônio, chegou à Praça da Sé e terminou com um grande ato em frente ao prédio da prefeitura, onde os caixões e um ônibus de papelão foram queimados.


 


Movimento continua
O presidente da Ubes, Thiago Franco, informa que os protestos não vão parar até que o prefeito receba os estudantes. ''Queremos que o Kassab desça deste trono imaginário que ele acha que possui ai na prefeitura. Mas já avisamos que não vamos parar com as manifestações até que esse reajuste seja barrado. O Levante do Busão vai continuar'', disse.


 


Do carro de som, o presidente da Upes, Thiago Andrade, e da UEE-SP, Augusto Chagas, convocavam os estudantes para a próxima passeata, amanhã (29), às 9 horas, na Praça da Sé. Para o presidente da UNE, Gustavo Petta, o prefeito poderia ter negociado o reajuste e dessa forma ter procurado uma maneira de amenizar o prejuízo no bolso do cidadão.


 


''O aumento prejudicará não só os estudantes, mas toda a população e por isso essa luta contra os aumentos não é apenas do movimento estudantil, mas de toda a sociedade'', ressaltou.


 


Aumento impopular


O diretor da Umes-Suzano, Tarcísio Daniel, destacou a união do movimento estudantil nestes protestos. Ele, que também é presidente do grêmio da Escola Estadual Osvaldo de Oliveira Lima, acredita que o aumento das passagens será mais uma grande dificuldade enfrentada pelos estudantes.


 


''A renda da família brasileira pouco dá para o fim do mês. Agora, com o aumento do ônibus, vamos sofrer mais ainda. É capaz de muitos estudantes deixarem a escola, por não terem condições de ir estudar'', disse.


 


Ação na justiça
A UNE e a Ubes, junto a Central Única dos Trabalhadores (CUT), vão protocolar nesta quarta-feira (29) uma representação no Ministério Público Estadual, pedindo explicações aos governos municipal e estadual sobre o aumento das tarifas. Também entrarão com uma ação civil pública, com pedido de urgência (liminar), para suspender os aumentos.


 


''Estamos mobilizados e faremos de tudo para impedir o aumento'', diz o presidente da CUT-SP, Edílson de Paula. A reclamação é porque o reajuste é superior à inflação do período. ''Se tivesse aplicando a inflação não teria problema'', afirma.


 



Caixões queimados: protesto contra aumento conjunto


 


Histórico
Na última quinta-feira, (23) as entidades estudantis deram início a uma série de protestos contra o aumento das passagens de ônibus e metrô anunciadas pela prefeitura e governo do estado. Com o lema ''R$ 2,30 não dá. Se a passagem aumentar a cidade vai parar!'', a manifestação reuniu cerca de mil pessoas e caminhou da praça da Sé até a prefeitura, onde o prefeito não quis receber uma comissão de estudantes, que foram agredidos por policiais com spray de gás de pimenta.


 


Na sexta-feira, os estudantes voltaram às ruas, com protestos na Rua da Consolação, em frente ao Colégio Caetano de Campos. Novamente, a polícia usou de truculência e gás de pimenta para reprimir os protestos. No sábado, as entidades estudantis realizaram uma plenária e decidiram dar continuidade aos protestos, que foi batizado de Levante do Busão!.