Amorim diz que G-20 mudou padrão da OMC

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse na abertura do 1º Encontro Empresarial Latino-americano em Santiago, Chile, que ''sem a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) não há salvação''. O encontro, cujo tema seria a discussão

Durante seu discurso, Amorim acentuou que o governo brasileiro tem a convicção de que uma América do Sul unida, integrada e fortalecida se projeta com maior vigor e identidade no cenário da “globalização”. ''Nossa insistência na integração da América do Sul está na convicção de que no mundo do século 21 não será possível atuar isoladamente'', afirmou. ''Na era dos grandes blocos necessitamos unir-nos para enfrentar a concorrência dos gigantes e atrair a atenção de outros grupos de países semelhantes aos nossos '', completou. Amorim citou como exemplo dessa necessidade de associação a formação do G-20, grupo de economias “em desenvolvimento”, sob a liderança do Brasil e da Índia, que atuou em conjunto nas negociações agrícolas na Rodada Doha. Ele disse que a criação do G-20 mudou o padrão da negociação da OMC.


 



O ministro falou, em improviso, no final do seu discurso, que é muito bom a América do Sul pensar na Ásia Pacífica como alternativa, assim como o Mercosul negociar com a União Européia. Mas acrescentou que esses movimentos não substituem a importância da rodada Doha. ''Não se trata de uma preferência abstrata, minha, ao multilateralismo, mas ao fato de que os fatores que mais distorcem o comércio mundial somente podem ser resolvidos no plano multilateral'', afirmou. ''Trabalhamos com a América do Sul, mas não substituímos a consolidação da OMC'', disse. Na mesma linha, o chanceler do Chile, Alejandro Foxley, acentuou a importância da conclusão da rodada Doha. Amorim e Alejandro Foxley ressaltaram a necessidade de incorporar o setor privado aos processos de integração na América Latina.


 



Também estavam presentes no ato inaugural o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que está em Santiago para assinar um tratado de livre-comércio com a chefe de Estado chilena, Michelle Bachelet, e o ex-diretor da OMC, Michael Moore. Amorim destacou o impulso que o comércio internacional tomou, o processo de investimentos inter-regionais e o avanço do desenvolvimento em infra-estrutura para os países da região. Ele disse que o Chile é pioneiro no investimento inter-regional e um dos principais investidores estrangeiros no Brasil. O ministro também elogiou a entrada de empresas brasileiras com maior força nos mercados da região.


 


Processo de integração


 


Amorim pediu um maior esforço em infra-estrutura, deixar de lado os atritos bilaterais e se concentrar no desenvolvimento de corredores oceânicos para melhorar o trânsito de bens e serviços entre os países da América do Sul para a região Ásia-Pacífico e a Europa. O ministro brasileiro ressaltou que o tema energético ''necessariamente tem que estar na agenda regional'', com base em que, apesar de ter alguns impedimentos, produto de atritos históricos entre países, ''é uma das vias centrais para tornar mais próspero o processo de integração''.


 


Já Alejandro Foxley pediu aos empresários da região que assumam um papel principal no processo de integração e na conquista de mercados através do estabelecimento de cadeias produtivas e que não concorrem entre elas. ''O tema fundamental é que o protagonismo deste processo de desenvolvimento tem que ser transferido gradualmente, a partir do Estado, que fez a tarefa de construir alianças, para os atores centrais, que são as empresas'', afirmou. Alejandro Foxley pediu aos empresários que se preocupem em estabelecer um grande bloco regional, com base em que ''hoje os países não concorrem isolados, mas em bloco, aproveitando as vantagens comparativas que podem ocorrer, por isso a soma de esforços pode obter melhores resultados''.


 


 


Com agências