Socialistas confirmam candidata à Presidência da França

Ségolène Royal, a primeira mulher com chances reais de chegar à Presidência da França, foi oficialmente homologada candidata do Partido Socialista (PS) nas eleições do ano que vem. O ato que oficializou a candidatura da presidente regional de Poitot-Chare

A presidenciável foi recebida por cerca de 1.500 delegados e personalidades socialistas com uma longa ovação e gritos de “Ségolène presidente”. Há dez dias, após uma campanha inédita de seis semanas e com seis debates – três deles televisionados -, Ségolène (60,65% dos votos) venceu dois concorrentes pesos-pesados nas primárias do OS: o ex-primeiro-ministro Laurent Fabius (18,66%) e o ex-ministro da Economia Dominique Strauss-Kahn (20,69%). Os resultados da votação foram solenemente lidos pelo número dois do PS, François Rebsamen.


 


Meses atrás, Rebsamen virou um entusiasta da candidatura da defensora da “ordem justa” e da “democracia participativa” e, agora, desponta como diretor de campanha da candidata. Ségolène quer encarnar a “renovação” política. Seu maior trunfo, segundo as pesquisas, é sua condição de mulher. Ela prometeu uma campanha “participativa” e “descentralizada”, em cuja primeira fase se dedicará “a ouvir” os franceses.


 


Método “participativo”
O líder do PS francês, François Hollande, defendeu hoje o método “participativo” da candidata. O projeto socialista pode ser “melhorado, corrigido e emendado” através do “debate participativo” que será empreendido, disse Hollande à emissora “Europe 1”, horas após o congresso extraordinário.


 


O dirigente não quis expressar seus sentimentos pessoais sobre a vitória de sua companheira e mãe de seus quatro filhos nas primárias do partido. Hollande atribuiu a designação da primeira mulher com possibilidades reais de chegar ao Palácio do Eliseu – “o que pode mudar o destino de nosso país” – à combinação de “uma força e uma circunstância”.


 


“Ela tinha essa vontade” de fazer aflorar certas prioridades, essas questões às quais está apegada, como a igualdade entre o homem e a mulher e a educação, explicou Hollande. No entanto, embora tenha “sua identidade, Royal (Ségolène) não poderia ter o sucesso que teve sem uma circunstância: a competição dentro do PS”, afirmou Hollande, em alusão às primárias, ressaltando que agora o “dever” da candidata é “convencer além do Partido Socialista”.


 


Polarização com a direita
Algo que Ségolène deixou claro em seu discurso de posse, ao fixar o “dever de vitória” para todos os que pensam que “não o têm”. “Cumpramos juntos nosso dever de vitória para os milhões de franceses que a aguardam, que esperam pelo fim destas políticas de ruptura, de fratura, de insegurança e de precariedade”, declarou Ségolène, em alusão ao lema da “ruptura” de seu provável adversário de direita, Nicolas Sarkozy.


 


Ao encerrar o Congresso, Hollande desejou ironicamente “boa sorte” ao partido conservador presidido por Sarkozy – a União para um Movimento Popular (UMP), ao designar seu candidato. Mas o líder do PS advertiu seus próprios correligionários socialistas sobre o risco de cair na “autocelebração”, já que “não há nada ganho”.


 


Hollande fixou as condições da vitória do PS nas Presidenciais: conhecer seus adversários (a direita e o desinteresse de parte do eleitorado), impor seus próprios temas de campanha (evitar uma repetição de 2002, quando a direita impôs o da segurança) e unir toda a esquerda.