Bolívia: governo recebe oposição e tenta superar crise política

A crise política na Bolívia motivou uma reunião neste sábado entre governo e oposição. O encontro, dirigida pelo vice-presidente, Alvaro García, teve a participação de delegados de diversos partidos da oposição – como a Unidade Nacional (UN, de centro-dir

O impasse foi deflagrado pelas divergências sobre o sistema de votação na Assembléia Constituinte, a reforma da lei agrária e a autonomia das províncias. O presidente boliviano, Evo Morales, já advertiu que não dará marcha a ré nas transformações sociais e políticas que estão sendo realizadas.


 


“Como podemos negociar o latifúndio? É como negociar a mudança da Constituição que está nas mãos da Assembléia Constituinte”, afirmou Evo. “Como podemos negociar a não fiscalização (dos governadores)? Essas coisas não se negociam, não se negocia a corrupção”, acrescentou. Neste domingo, ocorre a segunda rodada de diálogos.


 


Uma oposição conservadora
A oposição é liderada pelo Podemos, partido do ex-presidente Jorge Quiroga. “A partir de hoje e durante vários dias, poderemos ser os principais atores da busca pelo consenso e do encontro de grandes idéias para chegar a esse consenso”, disse o senador Walter Guiteras, do Podemos, que tem a maioria no Senado.


 


Para Guiteras, após a chegada das marchas de camponeses que se dirigem à La Paz para pressionar a oposição, “as decisões não estarão mais nas mãos das bancadas políticas, e sim nos comitês cívicos regionais”. A oposição a Evo é baseada na força dos comitês cívico-empresariais ultraconservadores das regiões de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando.


 


A oposição de direita, reforçada por empresários e o grupo civil de Santa Cruz, tenta encurralar Evo com greves de fome e outros tipos de pressão. Evo resiste, com o apoio de parcelas da população. A crise envolve o projeto presidencial para fiscalizar governadores das nove regiões bolivianas – o que fez com que seis deles se declarassem “em rebeldia”, e diz respeito também a modificações na lei de terras.


 


O Senado parado
A pressão de Santa Cruz aprofundou a crise desencadeada pela decisão do Podemos, que, na última terça, deixou sem quorum o Senado, ao ordenar a retirada de seus 13 representantes. A medida freou a avaliação da lei de terras – uma reformulação orçamentária e a autorização de uma viagem de Evo à Holanda, Nigéria e Cuba.


 


O presidente viajou neste sábado, graças a uma estratégia: como a permissão é necessária para ausências do país de mais de cinco dias, dividiu sua agenda em duas partes. Em relação ao fechamento do Senado, Evo foi enfático: “Isso é inconstitucional, isso é autoritarismo, isso é uma ditadura”.


 


Também  considerou que as futuras negociações com os diferentes setores do conflito estarão baseadas “no marco da legalidade”. Com o desacato civil promovido por Santa Cruz – disse Evo -, “não temos nada a negociar”.