Pinochet assume responsabilidade por ditadura chilena

O ex-ditador Augusto Pinochet assumiu neste sábado (25/11) que teve “responsabilidade política por toda a operação” durante seu governo à frente do Chile (1973-1990). O período foi marcado pela sistemática violação dos direitos humanos.

Apesar da declaração, Pinochet seguiu à risca a pauta das ditaduras sul-americanas, ao dizer que tudo que foi feito “não teve outro objetivo a não ser engrandecer o Chile e evitar sua desintegração”.


 


“Hoje, próximo ao fim de meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém. Amo minha pátria acima de tudo e assumo a responsabilidade política por tudo o que foi feito”, escreveu Pinochet em uma carta lida por sua esposa, Lucía Hiriart.


 


Por ocasião do 91º aniversário de Pinochet e diante de dezenas de simpatizantes da ditadura, a esposa do ex-ditador leu a carta em voz alta, enviando ainda uma mensagem à família e colaboradores que são “perseguidos e injustiçados”.


 


A carta, em vez de valorizar os chilenos torturados e mortos, aplaudiu os torturadores. Segundo Pinochet, seus “companheiros de armas” estão sendo injustiçados. “Quero especialmente mandar uma mensagem de apoio aos meus companheiros de armas, muitos deles sem liberdade, que são perseguidos – e a vingança de quem desencadeou o confronto cívico e a violência que obrigou as Forças Armadas e de Ordem a intervir para superar um conflito que parecia inevitável”.


 


Pinochet também tirou o mérito dos movimentos populares e dos partidos progressistas, atribuindo apenas ao Exército a volta da democracia ao Chile, em 1990. “Graças à sua coragem e decisão, o Chile pode transitar da ameaça totalitária à plena democracia, que nós restabelecemos e da qual todos os nossos compatriotas gozam hoje”.