Mesquitas pegam fogo em Bagdá após pior atentado do Iraque

Homens armados queimaram casas e mesquitas em um área sunita de Bagdá na sexta-feira (24/11), enquanto líderes do Iraque apelavam pela paz um dia após o pior atentado a bomba desde a invasão dos Estados Unidos. Cerca de 30 pessoas foram mortas, segundo a

O ataque não chegou a ser interrompido pelo toque de recolher imposto na capital por forças norte-americanas e iraquianas depois que bombas mataram 202 pessoas na cidade xiita de Sadr. Quatro mesquitas e várias casas queimavam em uma pequena parte sunita da área majoritariamente xiita de Hurriya, a noroeste de Bagdá, disse o vice-primeiro-ministro Salen al-Zobaie à Reuters.


 


Uma testemunha disse que 14 pessoas foram mortas em sua mesquita durante as orações de sexta-feira: “Ela foi atacada por granadas disparadas por foguete”, disse o professor universitário Imad al-Din al-Hashemi. “Quando os homens armados se deslocaram para atacar outra mesquita, nós retiramos os feridos.”


 


Apesar da responsabilidade pela crise no Iraque, a Casa Branca tentou se isentar da culpa e classificou a violência como um “descarado esforço para derrubar um governo eleito democraticamente”. O exército americano disse que não enviou tropas para Hurriya, mas que a polícia iraquiana estava presente. Muitas unidades da polícia têm laços com grupos de milícias xiitas.


 


A “estabilidade” em xeque
Foi o segundo ataque de guerrilheiros nos últimos dois dias. Com a competência e a lealdade de forças de seguranças postas em dúvida, alguns temem que esses conflitos possam fazer eclodir uma guerra declarada. A maior parte dos moradores de Bagdá ficou em casa com medo, trocando variadas e perturbadoras informações por telefone. O toque de recolher para automóveis continuava no sábado.


 


Em outro ataque, 22 pessoas morreram quando dois militantes suicidas estouraram bombas em um mercado xiita na cidade de Tal Afar, norte do país. O atentado fez aumentar a pressão sobre o frágil governo de união nacional, no qual Washington tem depositado suas esperanças de uma saída suave do Iraque.


 


O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU), Ashraf Qazi, alertou para “um ciclo de incontrolável violência que ameaça o tecido social do Iraque ou qualquer possibilidade haver no futuro paz, tolerância e unidade”. Na cidade de Sadr, após um dia de cortejos fúnebres, o exército dos Estados Unidos disse que um helicóptero destruiu o local de onde seis foguetes foram atirados em uma mesquita em uma área sunita próxima dali. O exército disse ter agido para “prevenir uma futura escalada de violência sectária”.


 


Moqtada al-Sadr, o jovem clérigo cuja milícia, Exército de Mehdi, domina a vasta área pobre a leste de Bagdá, apelou pela unidade muçulmana em um sermão. Tais apelos depois do ataque a um importante santuário xiita em Samarra, em fevereiro, não têm sido suficientes para deter a violência sectária que está matando cem iraquianos por dia, alguns dos quais acusados de serem executados por homens de Sadr.


 


Sadr também procurou aproveitar o massacre na cidade de Sadr para reforçar os pedidos para o fim da ocupação americana no país. Auxiliares dizem que deixariam o gabinete do primeiro-ministro Nuri al-Maliki e o parlamento se Maliki levasse adiante a idéia de realizar um encontro de cúpula com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Jordânia na próxima semana.


 


Espera-se que Bush discurse no encontro com Maliki sobre como dar maior controle às forças iraquianas, para acelerar o processo de retirada das tropas dos EUA — algo que os eleitores norte-americanos demonstraram querer ao entregar a maioria no Congresso aos democratas em eleições realizadas neste mês.