Cuba faz contagem regressiva por Fidel

O governo e a população de Cuba iniciaram a contagem regressiva para um possível reaparecimento de Fidel Castro no desfile de 2 de dezembro – ou antes -, durante os longos festejos pelos seus 80 anos que a Fundação Guayasamín abre na próxima terça-feira.

Depois de sua última aparição em 26 de julho, antes da cirurgia de urgência no dia seguinte, a sua entrega provisória do comando a Raúl Castro no dia 31 e a quase um mês do último vídeo no qual desafiou os boatos de morte, os cubanos já começaram a contagem regressiva enquanto a cautela reina no governo.


 


“Se ele o julgar apropriado dentro do seu programa de reabilitação, talvez decida ir”, declarou recentemente o chefe do Parlamento, Ricardo Alarcón. Trabalhos voluntários em massa em todo o país serão realizados na semana das homenagens, que termina no dia 2.


 


Neste sábado (25/11), uma réplica do navio Granma – do qual há 50 anos Fidel desembarcou com 81 rebeldes no leste cubano, no início da luta rebelde – atravessará a Praça da Revolução em um festejo triplo: pela data em si, pelo meio século das Forças Armadas e pelo 80º aniversário do presidente, que foi em 13 de agosto.


 


Expectativa
Apesar de nunca ter estabelecido o dia do seu reaparecimento, é certo que os cubanos e parte da opinião pública mundial o aguardam. De terça até sexta-feira, a Fundação realizará, entre suas atividades pelo aniversário, um recital, uma exposição de Oswaldo Guayasamín e um debate sobre o ideário do cubano com a francesa Danielle Mitterrand, o argentino Adolfo Pérez Esquivel e o equatoriano Rodrigo Borja.


 


O presidente boliviano, Evo Morales, disse que estará na Praça. Também é esperado o nicaragüense Daniel Ortega – enquanto é dada por certa a ausência do venezuelano Hugo Chávez, que disputa eleições presidenciais em seu país.


 


No grupo heterogêneo das visitas internacionais, aguarda-se em Havana o argentino e ex-craque do futebol Diego Maradona, que passou longas temporadas na capital cubana e se reuniu várias vezes com Fidel, a quem admira, como testemunha uma tatuagem em seu corpo.


 


“Ele é assim”
Apesar das uniformes declarações positivas, não há data para o retorno de Fidel, que emagreceu quase 19 quilos depois da cirurgia e declarou o seu estado de saúde um “segredo de Estado”. Fidel se dirigiu aos cubanos em seu repouso em mensagens de áudio, fotos e cinco vídeos, o último dos quais em 28 de outubro, quando pareceu menos magro.


 


Nas ruas – que não perderam a calma e nem o seu ritmo ruidoso -, as perguntas não faltam nestes dias: se aparecer, como aparecerá? Ele falará? Ele vestirá o seu clássico uniforme verde-oliva. “É um 'galego' teimoso. Fará todo o possível para aparecer mas não sei se isso lhe fará bem. Olhe o último vídeo, quando começou a se exercitar. Para que? Ele não parecia bem, mas ele é assim”, disse Eduardo, um profissional de 36 anos.


 


O desfile na Praça da Revolução será o primeiro desde 1996. Cuba conta com cerca 60 mil militares regulares e pratica a doutrina de “Guerra do Povo Todo” para a sua defesa, que inclui também estimativamente um milhão de reservistas.
 


A parada militar, na qual estarão presentes 300 mil moradores de Havana e cerca de mil convidados, incluirá caças MIG-29, tanques e sistemas de defesa antiaérea de fabricação soviética. Os festejos oficiais pelo desembarque do Granma e a criação das Forças Armadas começaram ontem à noite no teatro Karl Marx, de Havana.