USP compra supercomputador da IBM

O Top 500, ranking dos computadores mais potentes do mundo, acaba de ganhar mais um brasileiro. O primeiro de uso acadêmico do país a entrar na lista, depois de três máquinas da Petrobras.

O supercomputador, adquirido pela Universidade de São Paulo (USP), consiste num aglomerado computacional de 448 processadores que operam em conjunto, possibilitando 2,9 trilhões de operações por segundo. O cluster chegará à capital paulista no próximo fim de semana e entrará em funcionamento no dia 15 de dezembro, segundo Luiz Nunes de Oliveira, professor do Departamento de Física e Informática do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).


 


“O equipamento representará um enorme passo para a pesquisa acadêmica nacional”, disse Nunes de Oliveira à Agência FAPESP. O supercomputador da USP, fabricado pela IBM, é o 363º maior do mundo. Os da Petrobras ocupam as posições 273, 275 e 418 na lista.


 


O cluster foi adquirido com apoio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários. “O custo foi de US$ 650 mil, mas estimamos que o equipamento tenha valor de mercado em torno de US$ 1 milhão. Pagamos menos pois o fornecedor considera que ter um cluster como este na lista do Top 500 é uma boa vitrine para seu produto”, disse ele. Oito empresas participaram da concorrência para o fornecimento do supercomputador.


 


O supercomputador foi solicitado por um grupo de 66 pesquisadores da USP coordenado por Nunes de Oliveira. “O equipamento permite buscas muito rápidas em grandes grupos de dados. Ele será utilizado no desenvolvimento de projetos de diferentes áreas, com aplicações que vão desde as ciências humanas, como na área de economia, até genômica, engenharia, meteorologia, astrofísica, física de materiais ou mecânica de fluidos”, explicou.


 


O cluster ficará alocado no Centro de Computação Eletrônica da USP – na Cidade Universitária – e sua utilização será gerenciada por quatro representantes do grupo de pesquisadores. “Quem tiver necessidade submeterá um projeto a ser avaliado pela comissão. Vamos considerar o potencial da pesquisa e suas necessidades de tempo para ceder o equipamento”, disse Nunes de Oliveira.


 


Aumento de produtividade


 


O novo equipamento representará a diferença entre fazer ou não fazer determinados projetos, segundo Nunes de Oliveira. “Um cálculo meteorológico que levasse uma semana para ser feito não faria nenhum sentido, pois quando ficasse pronto a previsão já seria inútil. Outro exemplo: temos um pesquisador da área de genômica, em São Carlos, cujo projeto inclui cálculos que levam três semanas. Agora serão feitos em questão de horas. O aumento de produtividade será fantástico”, ponderou.


 


Pesquisadores da área de computação também utilizarão o equipamento para estudar o próprio uso desse tipo de computador, disse o professor do Instituto de Física de São Carlos. Ele mesmo pretende desenvolver um projeto guardado há cinco anos por falta de equipamento.


 


“A miniaturização dos dispositivos que compõem os processadores chegou ao limite da escala nanométrica. Começamos portanto a ter uma série de efeitos de mecânica quântica que não existiam antes. Pretendemos estudar as propriedades básicas desses dispositivos para transformar tais sistemas em algo que seja regularmente utilizável pelos engenheiros do futuro”, disse.


 


A utilização de clusters associando grandes quantidades de processadores é uma tendência mundial na fabricação de supercomputadores. “Até há cerca de dez anos era possível ter processadores cada vez mais potentes. Hoje, estamos chegando a um limite que impede um só processador de ter capacidade acima de certo valor. Por isso, cada vez mais se utilizam vários processadores integrados”, explicou.


 


O cluster na USP no Top 500: http://www.top500.org/site/2724


 


Envolverde/Agência Fapesp