USP em disputa: Seis chapas concorrem eleição para DCE

Por Carla Santos


 


Seis chapas disputam, nos dias 22, 23 e 24 de novembro, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo (DCE-USP). Questões como o governo Lula, a reforma universitária, a atuação da União Naciona

A USP, maior universidade pública do país, conta atualmente com cerca de 77 mil estudantes da graduação e pós-graduação, espalhados por seis campi na capital paulista e em seis campi pelo interior (nas cidades de Piracicaba, Pirassununga, Bauru, Lorena, São Carlos e Ribeirão Preto). Cada campus poderá abrir urnas para a eleição do DCE. A expectativa para que aumente o número de votantes é grande, já que, nas eleições passadas, apenas 4 mil estudantes, aproximadamente, votaram.


 


A composição do DCE é por coordenação e majoritária. Portanto, a chapa vencedora não terá na sua diretoria um presidente nem a participação com direito a voto de membros das outras chapas derrotadas. 


 


De Malungo pra Malugo e Carandá: mais do mesmo
A palavra ''malungo'', de origem africana e com significado de ''companheiro'' em português, inspirou a chapa De Malungo pra Malungo, que é liderada por estudantes do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL). Já a chapa Carandá, nome de um tipo de palmeira que se recusa ao isolamento, é liderada por estudantes da Ação Popular Socialista (APS) – corrente do Partido Socialismo e Liberdade (P-Sol).


 


Apesar da diferença do nome entre as duas chapas, ambas possuem muitas coisas em comum. Parte de seus estudantes compôs a diretoria da atual gestão – porém, nenhuma das duas chapas se apresenta como situação. A posição contra a reforma universitária, a avaliação negativa do governo Lula e a oposição às deliberações da UNE também fazem parte das propostas da Malungo e Carandá.


 


O que as divide? Certamente a dificuldade de construir uma gestão em conjunto diante das sucessivas derrotas que sofreu o DCE no último ano.


 


Camarão que Dorme a Onda Leva: oposição
No último ano, o governador Geraldo Alckmin manteve o veto ao repasse de 11, 6% das verbas da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) às universidades paulistas. Linhas de ônibus que circulavam no campus da Cidade Universitária (capital) foram cortadas. O Espaço de Convivência, responsável pelas finanças do DCE, está fechado para reforma.


 


O último Congresso dos Estudantes da USP não acabou por falta de quorum. A representação discente (estudantil) nos órgãos deliberativos da universidade está fragilizada. A discussão em curso sobre os espaços na USP e o tempo de jubilamento tem passado ao largo dos estudantes.


 


Para a chapa Camarão que Dorme a Onda Leva, liderada por estudantes da Democracia Socialista [(DS) – corrente do Partido dos Trabalhadores (PT)], da União da Juventude Socialista (UJS), do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e Adeus Lênin! (coletivo de estudantes independentes), a gestão cessante do DCE teve dificuldades de intervir em todos esses processos importantes para a comunidade acadêmica. Os ''camarões'' apostam no diálogo e na participação de amplos setores de dentro e de fora da universidade para superar os entraves colocados. Neste sentido, cabe também o diálogo com a UNE, os governos e a reitoria.


 


De que Lado você Samba?, Território Livre e AJR: fora todos
Preocupados com a possível participação de estudantes do PT, da UJS e do MR-8 na diretoria do DCE, as chapas De que Lado você Samba? (liderada por estudantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU), Território Livre (liderada pelo Movimento Negação da Negação – MNN, um coletivo de independentes) e AJR (liderada por estudantes da Aliança da Juventude Revolucionária – AJR), encampam campanha contra a chapa Camarão que Dorme a Onda Leva.


 


Embora os ''camarões'' não apresentem opinião sobre o governo Lula, trata-se  – para o PSTU, o MNN e a AJR – de uma chapa governista e, por conseguinte, de direita. Além disso, a chapa De que Lado você Samba? defende o fim da relação do DCE com a UNE, que, segundo a chapa, também é governista. Para estes, a saída é a aposta na Coordenação Nacional de Lutas (Conlute), da qual participam apenas militantes do PSTU.


 


Quem pode levar o DCE da USP?
As chapas De Malungo pra Malungo e Carandá, mesmo depois dos desgastes sofridos na última gestão do DCE, ainda reúnem apoios importantes na universidade. Contra as duas chapas pesam, ainda que veladamente, o ônus de ter governado e as incógnitas que surgem com a divisão do bloco que dirigiu o DCE no último ano. A chapa Camarão que Dorme a Onda Leva é a única presente em todos os campi e também a única a ser composta por mais de uma corrente de opinião do movimento estudantil.


 


Na contramão da onda ''camarões'' está a campanha ''anticamarão'', em especial da chapa De que Lado você Samba?. Diante deste cenário é difícil estabelecer qual, entre as seis chapas, é a favorita para as eleições do DCE que se iniciam nesta quarta-feira (22/11). Pode haver surpresas, já que a favor da De que Lado você Samba?'' estão as recentes vitórias obtidas nas eleições para os centros acadêmicos (CAs) da Letras e da Geografia.


 


A favor da Território Livre está a expressão obtida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Contudo, são malungos, carandás e camarões aqueles que parecem estar disputando palmo a palmo o voto dos uspianos. A apuração da eleição acontecerá em 25 de novembro – data que define quem estará á frente do DCE da maior universidade pública do país.