Exposição comemora os 60 anos de Elifas Andreato

No “berço das artes gráficas”, uma exposição exibe trabalhos do artista que, há mais de quatro décadas, assina capas de discos, livros, cartazes para teatro e projetos gráficos para imprensa. Seu trabalho se confunde com a história política, social e artí

Uma exposição em homenagem aos 60 anos de Elifas Andreato começa nesta quarta-feira (22/11) e poderá ser vista até 12 de janeiro no Cambuci, berço das artes gráficas em São Paulo. São aproximadamente 300 obras deste artista múltiplo, que se consagrou como capista de velhos LPs da nossa MPB.


 


Andreato é autor de mais de mil desenhos publicados. A maior parte deles apresenta como suporte final capas de disco, livros, cartazes, jornais e revistas – espaços que acabaram decidindo os rumos de sua arte. “Foi a forma que encontrei para expressar minha posição diante dos acontecimentos do mundo e, principalmente, do Brasil”, relata.


 


Capas de discos de Paulinho da Viola, Chico Buarque, Clementina de Jesus ou Elis Regina ou peças de teatro estreladas por Paulo Autran. Muitas dessas criações premiadas em suas categorias tornaram-se peças de colecionadores por representarem ícones da defesa da autêntica cultura brasileira.


 


Mais de 300 obras
A mostra Elifas, 60 Anos: Imagens do Som, Contornos da História está dividida em três módulos que ocupam cerca de 700 metros quadrados do Design & Graphic Center com mais de 300 obras, entre originais e reproduções. O local está instalado em um prédio da década de 1910, que já foi o maior pólo gráfico da América Latina e berço do setor na cidade de São Paulo. Hoje é um centro de arte, design, cultura e tecnologia mantido pela Fine Papers.


 


O professor universitário e crítico literário, Antonio Candido, afirma “que, embora seja artista de vôo largo e muita produção, Elifas é, para mim, sobretudo, o participante na luta difícil que travamos em equipe, durante a ditadura militar, num momento em que sua arte foi ao mesmo tempo realização pessoal e instrumento libertador.”


 


O escritor Fernando Moraes corrobora esta idéia: “Vai ser difícil escrever a história das últimas décadas no Brasil sem ilustrá-la com a arte de Elifas. Se nas capas de discos o que vemos é o artista delicado, sutil, dos cartazes feitos para os anos de chumbo da censura emerge um Elifas duro, intransigente”.


 


Biografia
Elifas Andreato, que é jornalista de formação, nasceu em Rolândia, Paraná, em 1946. Ao longo de sua carreira, atuou nas mais diversas frentes. Dirigiu programas televisivos, fundou órgãos da imprensa alternativa como Opinião e Argumento, concebeu capas de livros, mas talvez sua face mais conhecida seja mesmo a de capista de LPs. Ao longo de sua carreira, calcula que tenha produzido em torno de 400 trabalhos – capas antológicas de praticamente todos os grandes nomes da música popular brasileira: de Adoniran Barbosa a Tom Zé.


 


Na música, enveredou ainda como letrista e dramaturgo, ao lado de artistas como Toquinho, nos musicais infantis Canção dos Direitos da Criança e Casa de Brinquedos. Atualmente, entre muitas outras atividades, é diretor editorial do Almanaque Brasil, publicação mensal dedicada à cultura brasileira, distribuída nos vôos da TAM.