Assassinato de Celso Daniel não foi político, conclui inquérito

Chegou ao fim nesta terça-feira (21) a longa novela sobre a suposta motivação política do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), que freqüentou as manchetes dos jornais e os depoimentos da CPI dos Bingos durante a crise de 2005. Relató

A polícia concluiu que não há provas de crime político no assassinato de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André seqüestrado e executado a bala em janeiro de 2002. Elizabete Sato, delegada titular do 78º Distrito Policial (Jardins), mandou à Justiça e ao Ministério Público relatório de 5 páginas, no qual escreveu: “Os testemunhos trazidos ao procedimento nesta segunda fase ratificaram as participações dos indivíduos indiciados no primeiro inquérito policial, alguns até trouxeram uma suspeita aqui ou acolá sobre eventual crime político, todavia, suspeita sem a devida prova equivale a quase nada.”



“Voracidade do Gaeco”



A delegada investigou o caso durante um ano. Ela foi escalada pela Secretaria da Segurança para apurar denúncias dos irmãos do prefeito, João Francisco e Bruno, segundo as quais Celso foi alvo de crime de encomenda porque teria decidido dar fim a um suposto esquema de corrupção.



Elizabete, quase 30 anos de experiência, concluiu em outubro o inquérito 781/2005: “Decorrido um ano desde a reabertura das investigações, passado o período da “efervescência investigativa” que suspeitava de crime político, tese defendida pelo Ministério Público de Santo André e os irmãos da vítima, certo é que estes dois últimos não apresentaram, quer seja na CPMI dos Bingos, quer seja no inquérito policial, qualquer indício que redundasse em prova que pudesse dar sustentação à suspeita.”



A delegada ressaltou: “A voracidade do Gaeco de Santo André sucumbiu diante da não-demonstração de outras provas.” Gaeco é a sigla da unidade de elite do Ministério Público que tem a missão de combater o crime organizado. Os promotores do Gaeco estão convencidos de que Daniel foi morto a mando do empresário Sérgio Gomes, o Sérgio Chefe. Ele nega.



Criminosos confessaram



A delegada ouviu os sete pistoleiros presos sob acusação de terem sido os executores do prefeito. Eles confessaram o crime, como tinham feito na primeira etapa da investigação, conduzida pelo Departamento de Homicídios. Em sua avaliação, a única novidade foi a constatação de que L. S. N., o Lalo – na época do crime com 15 anos – , assumiu a autoria dos 7 disparos contra o prefeito “por mando e coação” de José Edson da Silva, o Zé Edson, “este sim o principal executor do crime e indivíduo que exala violência e descomprometimento com a vida humana”.



Ela dedicou um parágrafo a Dionísio Aquino, assaltante que o MP aponta como mentor do crime. Aquino havia sido resgatado de helicóptero de um presídio dias antes do seqüestro. Recapturado, ele acabou morto a golpes de estilete na Detenção Belém 2. “O elemento principal para o deslinde completo do caso talvez tenha levado consigo as informações preciosas que poderiam dirimir quaisquer dúvidas quanto à motivação do crime.”



A polícia não reintimou Sérgio Chefe nem o ex-vereador Klinger Souza (PT), apontados pela promotoria como peças de “organização criminosa estável” que teria criado poderosa rede de propinas na gestão Daniel. “É obvio que eles ratificariam suas declarações anteriores”, anotou Elizabete, que destacou sua preocupação em “não transformar a investigação em um acontecimento político”.



Com informações de O Estado de S. Paulo