Jornalista da Telesul é preso pelo governo da Colômbia

O jornalista Fredy Muñoz, correspondente da TeleSul em Bogotá, foi preso na noite de domingo pelo Departamento Administrativo de Segurança (DAS) da Colômbia, órgão ligado ao governo do país, assim que chegou ao aeroporto da cidade, vindo de Caracas.

Segundo nota distribuída pelo DAS, seus agentes passaram os últimos três anos investigando o jornalista, que foi preso acusado de envolvimento com ataques de rebeldes nas cidades de Baranquilla e Cartagena.



A TeleSul definiu como um “ataque à liberdade de imprensa” a prisão de Muñoz. “Essas acusações surpreendem a TeleSul, onde o senhor Muñoz vem atuando com profissionalismo e ética em seu trabalho jornalístico. A detenção de um jornalista da mídia internacional é um ataque à liberdade de imprensa e uma intimidação”.



Quase dois dias após sua prisão, o jornalista segue confinado nas instalações do DAS em Bogotá. Para o presidente da TeleSul, Andrés Izarra, o caso pode se relacionar a outros interesses, que interfiram nas relações bilaterais entre Colômbia e Venezuela, ou até mesmo o processo de integração em prática na América Latina.



“Contra a TeleSul já foram lançados todo tipos de manobras, acusações, mentiras, assim como contra o atual governo venezuelano e o processo de integração do continente. Casualmente, as mais duras acusações nesse sentido costumam vir da Colômbia. É por isso que não descartamos que a prisão de Fredy esteja relacionada a algum fato obscuro”, afirmou Izarra.



Repúdio
A TeleSul é um projeto empresarial multiestatal de televisão regional, com a participação dos governos da Venezuela (51%), Argentina (20%), Uruguai (10%) e Cuba (10%). O canal já foi boicotado na Colômbia e com freqüência é alvo de críticas das forças políticas conservadoras da América Latina, pois seu conteúdo em nada se assemelha à cobertura tradicional da imprensa internacional.



Desde a prisão de Fredy Muñoz, diversas entidades religiosas, jornalísticas, políticas e de direitos humanos do continente já manifestaram seu repúdio à decisão do governo colombiano.



Diante do impasse, o presidente da TeleSul convocou uma entrevista coletiva em Caracas, na qual pediu às autoridades colombianas que todo o processo aconteça com total transparência. “Pedimos apenas que o ParaEstado colombiano não se sobreponha ao Estado colombiano”, afirmou Izarra.