Cláusula de barreira fez sete partidos se fundirem em três

Com a fusão de três partidos para formar a MD (Mobilização Democrática), neste dominfo (19), já somam sete as legendas que se fundiram ou incorporaram para escapar das restrições impostas pela cláusula de barreira. Os 14 partidos barrados pela cláusula re

A cláusula de barreira, prevista na Lei dos Partidos Políticos, mas alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), contém na verdade duas barreiras distintas para um partido político ter direito a ''funcionamento parlamentar'': 1) que a legenda tenha obtido mais de 5% dos votos válidos na última eleição para deputado fereral; e 2) que tenha obtido mais de 2% dos votos válidos em pelo menos um terço dos estados (atualmente nove).



Quem perde o ''funcionamento parlamentar'', deixa de ter direito a constituir liderança nas casas legislativas, eleger parlamentares para as suas mesas e comissões; perde também o direito às verbas do Fundo Partidário e a veicular propaganda partidária em cadeias de rádio e TV.



Quem se fundiu com quem



Para escapar da sanção, diversas legendas que ficaram abaixo da dupla barreira, na votação de 1º de outubro, apressaram-se a promover fusões, já que a lei permite a superação ''a posteriori'':
– O PL (23 deputados federais eleitos em 1º de outubro) e o Prona (dois deputados) se uniram para formar o PR (Partido da República);
– O PTB (22 deputados) incorporou o PAN (um deputado), mantendo o antigo nome;
– No último fim de semana, o PPS (21 deputados), o PMN (três deputados) e o PHS (dois deputados) decidiram criar a MD;
– Pelo mesmo motivo, o PV (13 deputados) chegou a cogitar a fusão com o PSC (nove deputados), desistindo em nome da identidade partidária.



Composições sem nitidez



As direções das legendas que se extinguem e das que se criam não ocultam a razão pragmática do movimento. ''Não havia outra saída. É a fusão ou abandono da vida partidária'', argumentou o deputado federal Roberto Freire, que presidiu o extinto PPS e foi eleito no domingo para presidir a MD.



Distantes do debate programático e ideológico, as fusões para escapar da barreira geram legendas ainda menos definidas que aquelas originais. No caso da última delas, a maioria dos diretórios estaduais dos minúsculos PMN e PHS esteve e permanece com Lula. Já o PPS, com algumas exceções, alinhou-se ao PSDB-PFL para apoiar Geraldo Alckmin, num movimento puxado por Freire.



O deputado federal em fim de mandato (nesta eleição preferiu ser suplente do senador Jarbas Vasconcelos, eleito pelo PMDB pró-Alckmin de Pernambuco) proclama que vai manter a linha de oposição a Lula — ''porque ele não mudou nada'', argumenta. Os eleitos com outra atitude. Já, por exemplo, Sílvio Costa, ex-presidente do PMN e presidente da MD em Pernambuco, anuncia que se mantém no apoio a Lula, e a Eduardo Campos (PSB),  governador eleito de seu estado.



Nem todos os partidos vitimados pela cláusula de barreira aderiram ao estratagema. As direções do PCdoB, PSOL, PRB e PV expressaram ao ministro Marco Aurélio Mello, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sua inconformidade com o dispositivo que consideram inconstitucional. “O PC do B não vai se fundir, porque é uma legenda histórica. Ele pode até fazer alianças, mas não vai se fundir”, anunciou Renato Rabelo, presidente do PCdoB.



Com agências