Ao menos 12 mil ocupam Avenida Paulista na 1ª Parada Negra

Por André Cintra,
da Redação, com agências


 


São Paulo – uma das cidades com mais negros fora da África – viveu a primeira edição da Parada Negra nesta segunda-feira (20/11). Em pleno Dia da Consciência Negra (feriado na cidade)

A maior parte do público foi formada por estudantes e ativistas de mais de 30 entidades, como a Unegro (União de Negros pela Igualdade). Nem mesmo a ameaça de chuva prejudicou a concentração da Parada Negra, no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo). A mídia também deu destaque à mobilização.


 


De saída, os manifestantes defenderam a transformação da data em feriado nacional. ''Têm cidades que comemoram o feriado – outras, não. Isso também é uma forma de discriminação'', acusou o presidente da CUT-SP, Edilson de Paula Oliveira. Outras lideranças defenderam políticas afirmativas, como cotas de acesso à educação e ao trabalho. Um abaixo-assinado cobrou a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial


 


Integração
A primeira atividade formal coube a Eduardo de Oliveira, que cantou o Hino à Negritude, de sua própria autoria. Eduardo é professor e criou o CNAB (Congresso Nacional Afro-Brasileiro). Uma cerimônia multi-religiosa ocorreu em seguida, no vão livre do Masp.


 


Dois carros de som foram deslocados para a realização do ato, que chamou atenção ao pluralismo e à tradição ecumênica do Brasil. Líderes de religiões africanas, judaicas e cristãs compareceram.


 


''Sou branco e católico, mas tenho origem negra, colegas e amigos negros. Sei reconhecer claramente o valor dessa integração'', disse o bancário Luiz Tofolli, que foi à parada com a mulher e os três filhos.


 


Houve, ainda, diversas manifestações culturais, como rodas de capoeira e apresentações de samba, hip hop, maracatu e maculelê. Poemas de temática negra foram lidos.


 



Participantes da Parada Negra em marcha


 


A marcha
Ponto culminante da parada, a 3ª Marcha da Consciência Negra começou às 15h15. O público caminhou pouco mais de três quilômetros, em direção à Assembléia Legislativa paulista, no Ibirapuera, onde houve ato político.


 


A parada e marcha tiveram a participação de Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Comissão de Negros e Assuntos Antidiscriminatórios da OAB-SP, Coletivo de Estudantes Negros de São Paulo e Marcha Mundial de Mulheres. Foi ''o maior evento anti-racista da história de São Paulo'', como frisou Dojival Vieira, um dos integrantes da comissão organizadora e atual presidente da ONG (Organização Não-Governamental) ABC Sem Racismo.


 


Outro ato na capital paulista, realizado na Praça da República, contou com 600 participantes. O Dia da Consciência Negra é uma homenagem ao líder do mais célebre quilombo de resistência à escravidão, Zumbi dos Palmares, assassinado em 20 de novembro de 1695. A data é comemorada desde 1971 no Brasil – e se tornou feriado em São Paulo em 2003.