PT vai a Lula reivindicar espaços no novo governo

O presidente do PT em exercício,  Marco Aurélio Garcia, e outros dirigentes nacionais da sigla se reuniram às 11h30 desta quinta-feira (16) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília. Em pauta, a composição do pró

Marco Aurélio, que acumula o cargo de assessor especial de Lula e portanto conhece de perto os dois lados do balcão, fez antes da reunião declarações públicas procurando arrefecer esse ímpeto. ''O governo nunca esteve exposto a uma artilharia do PT, mas de alguns petistas'', cotovelou.



O que dizem os da ''artilharia''



Alguns dos que atuam na ''artilharia'' também se expressaram. ''Não vamos pedir cargos nem emprego para as pessoas, mas é evidente que, se todos os partidos estão se posicionando, o PT também precisa se posicionar'', afirmou o deputado federal eleito Jilmar Tatto (SP)''Se o PT é o principal partido do País, tem o presidente e uma bancada forte na Câmara, é claro que tem de ser dado a ele um tratamento correto'', agregou Tatto, eleito 3º vice-presidente do PT com apoio da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.



Joaquim Soriano, secretário-geral-adjunto do PT, foi ainda mais enfático: ''Há os que já colheram muito, como o PMDB, e outros que nem deveriam estar nas negociações'', disse. ''É aceitável, por exemplo, sentar à mesa com o PTB de Roberto Jefferson?'', questionou. ''Ninguém no PT entende isso''.



A manifestação de apetite com maior repercussão partiu da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Antes mesmo de saber da reunião da cúpula do PT com o presidente, a senadora disse que pediria a Lula a ''devolução'' da liderança do governo no Senado, hoje exercida por  Romero Jucá (PMDB-RR).



Lula: ''O PT já tem o cargo mais importante''…



O PT controla atualmente 15 dos 34 ministérios. Este número chegava a 19 quando o governo se iniciou. Ao longo de duas recomposições, a legenda, perdeu pastas cobiçadas, como o Ministério da Saúde, dono de um grande orçamento, e o das Cidades, de grande capilaridade. A julgar pelos sinais que partem do Palácio do Planalto, pode perder outras ainda, para que a administração assuma a forma de um governo de coalizão.



Lula não dá sinais de pressa, nem de levar em conta a ''artilharia'', petista ou de outras legendas, ou as numerosas versões que a imprensa noticia. ''Não vão ser as anchetes e notícias de que sai fulano e que entra beltrano que vão me fazer tirar ou colocar ministros. Vou fazer (as mudanças) com a tranqüilidade de quem precisa acertar'', declarou.



Visivelmente, o presidente decidiu se ocupar primeiro das eventuais alianças mais ao centro, em especial com o PMDB, dono da maior bancada parlamentar na Câmara e em breve tambén no Senado. E lembrou aos seus companheiros de partido que ''o PT já tem o cargo mais importante do governo, que é o cargo de presidente da República''.



Fatores que pesam na atitude do PT



Já a compreensão do coletivo petista sobre o tema sofre influências que empurram em outro sentido. O PT nasceu refratário a coligações e coalizões, só começou a praticá-las em 1988, depois de recusá-las em 1982, 1985 e 1986, o que deixa marcas. Seu perfil de partido de tendências e a delicada correlação de forças entre estas  também tendem a estimular as reivindicações de espaço. E as cicatrizes da crise política de 2005, que atingiu com força a sigla da estrela, trabalham no mesmo sentido.



O site do PT na internet tratou com circunspeção o encontro com o presidente. Limitou-se a dizer quem participa da audiência e informar que a pauta inclui ''a agenda para o próximo período e a relação do partido com o governo''.



Além de Marco Aurélio, a delegação petista que foi ao Planalto incli Soriano, Tatto e ainda:  a deputada Maria do Rosário (2ª vice-presidente), Valter Pomar (secretário de Relações Institucionais), Paulo Ferreira (secretário de Finanças) e Renato Simões (secretário interino de movimentos populares), o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti.



O mesmo tema estará no centro da primeira reunião do Diretório Nacional do PT após a eleição, nos dias 25 e 26, em São Paulo. Além dos membros do DN, participarão governadores eleitos, deputados federais e senadores. A reunião examinará também o 3º Congresso do PT, antecipado para o primeiro semestre de 2007.



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Com agências