CPI dos Sanguessugas não tratará caso do dossiê

O relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), avalia que a comissão não conseguirá abrir uma frente ampla de investigação sobre o caso da negociação de um dossiê contra políticos tucanos durante a campanha eleitoral. Segundo ele, a comi

''A Polícia Federal e a Justiça estão muito à frente da CPI nas investigações do dossiê'', diz. ''Só podemos reforçar alguns aspectos políticos. Mas não tem muito o que se avançar no que se tem feito com técnica e competência pela Justiça Federal e pela PF. O dossiê não estava no fato determinado da CPI. A única conexão do dossiê com os trabalhos da CPI é o Luiz Antonio Vedoin [dono da Planam]. Mas aí houve uma outra motivação política. Não se pode estabelecer uma conexão absoluta do fato passado com o fato futuro que tem o único elo o Vedoin'', explica.



O senador avalia que o caso do dossiê ''já foi discutido durante o processo eleitoral''. ''E passou pelo crivo do veredito popular'', completa. Sobre a inclusão do assunto no relatório final, responde:  ''Vamos retratar no relatório tudo que já existe sobre o dossiê, mas como reforço às investigações e mais o que for possível apurar. A questão do dossiê corre fora da CPI. E se houver algum problema é de crime eleitoral. E foi objeto de discussão durante o projeto eleitoral e sobre ele recaiu''.



Lando elogia o trabalho da comissão até agora. ''A CPI cumpriu seu papel e foi muito além do que se imaginava. O importante é mostrar que há uma diferença nas investigações que estão sendo feitas com muita competência e que a CPI tem um trabalho político'', afirma. Se não for prorrogado o prazo da CPMI, o relator deve apresentar o documento final das investigações entre 13 e 15 de dezembro, quatro dias antes do seu fim. O que não for apurado até lá deve ser encaminhado ao Ministério Público.


 


Marasmo pós-eleitoral



A CPI dos Sanguessugas vive um clima pós-eleitoral, o que tem reduzido o quórum e acumulado requerimentos para votação. Até agora são 206 requerimentos que aguardam resposta. Muitos deles com pedidos de depoimentos e solicitação de informações para integrar o relatório final até o prazo de 19 de dezembro, caso os trabalhos não sejam prorrogados. Ou seja, são cerca de quatro semanas para concluir o documento.



Ontem (14), a reunião administrativa da comissão foi adiada mais uma vez. Sem avanços nesse etapa, o relatório final da comissão deve encaminhar os indícios não investigados ao Ministério Público para que o órgão continue as investigações. Após as eleições, os parlamentares conseguiram ouviram apenas alguns depoimentos em sessões vazias, com poucos membros da comissão presentes. Ouviram, por exemplo, três ex-ministros da Saúde: Humberto Costa e Saraiva Felipe, do governo Lula, e Barjas Negri, do governo FHC. Somente José Serra não foi ouvido e não deu data para comparecer à CPMI.



Segundo aponta Amir Lando, o “clima político com a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é outro”. Indagado sobre se o clima poderia prejudicar a elaboração e a aprovação do relatório final, Lando respondeu que o trabalho continuará da “melhor forma dentro do prazo estabelecido” e elogiu o que foi feito até agora. “Estamos trabalhando continuamente e concluiremos o trabalho da melhor forma dentro do prazo estabelecido. Nós realizamos o objetivo, muito mais do que se imaginava, quando se criou a CPI, que era investigar o envolvimento de parlamentares com a compra superfaturada de ambulâncias.”