Índios atacam sertanista da Funai no Acre

O indigenista José Carlos dos Reis Meirelles confirmou a história durante palestra em São Paulo.  Meirelles fez uma ampla exposição sobre os grupos de índios arredios do Acre durante a 27ª Bienal.

 



Dez dias depois de noticiar que um de seus sertanistas, Raimundo Alves havia sido alvejado por índios isolados no posto da Frente de Proteção Etnoambiental do Envira localizado às margens do rio D´ouro, no município de Jordão, no Acre, o indigenista José Carlos dos Reis Meirelles confirmou a história durante palestra em São Paulo.  Meirelles fez uma ampla exposição sobre os grupos de índios arredios do Acre durante a 27ª Bienal.  Em junho de 2004, o próprio Meirelles (foto) foi atacado a flechadas na mesma região por índios de etnia desconhecida.


 


Antes de viajar para a capital paulista, o indigenistas alertou, em Rio Branco (AC), quanto à expulsão de  índios que vivem no Peru e, esporadicamente, percorrem a floresta acreana, na fronteira com o país vizinho, em busca de comida.  Madeireiros peruanos estão levando os índios a deixarem o Peru para viver mais no Acre. Meirelles alerta que esse fato resultará em conflitos com outros grupos isolados que moram na região.


 


No lado brasileiro, caçadores estão atirando e assustando os índios. Por conta disso, Raimundo Alves acabou sendo alvejado pelos isolados. Eles o teriam integrante do grupo de caçadores. Alves fazia a coleta de milho no roçado quando cerca de quatro homens nus o atacou. Ele não saiu ferido.


 


Meirelles é indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai). Desde 1988, ele fixou-se nas cabeceiras do rio Envira, no Acre, e reside lá até hoje. Sua conferência Índios isolados e o direito à terra abordou  a legislação sobre a propriedade indígena e as formas de contato com a população branca. A garantia do território de índios isolados não pode depender do contato desses grupos com a sociedade envolvente. Eles têm direito à terra e a permanecerem isolados, exercendo sua cultura independentemente do contato com outras culturas.


 


O indigenistas Meireles trabalha na Funai desde 1971. Há quase 20 anos ele atua na Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira.  A frente funciona como posto de observação e proteção dos povos indígenas autônomos, ou isolados.  A Frente Etnoambiental do Envira foi criada a partir da luta de Meirelles pelo reconhecimento de uma área de cerca de 600 mil hectares como fundamental para preservação dos grupos que ali vivem.


 


Fonte: Agência Amazônia