Para Plínio, do PSOL, “seria ainda pior sem o Lula”

“A grande maioria aqui acha que seria ainda pior sem o Lula, e tem razão”, afirmou para religiosos e agentes da Cáritas o professor Plínio de Arruda Sampaio, expoente da esquerda católica, ex-petista e candidato do PSOL ao governo paulista nas eleições de

Plínio de Arruda fez uma exposição apostando em uma futura frustração dos movimentos populares com o segundo mandato de Lula, mas cauteloso quanto ao presente. “O Lula resgatou algumas antigas bandeiras no segundo turno e agora o povo espera que ele faça o que prometeu”, disse o pensador de esquerda, muito ligado à causa da reforma agrária. “Quando ficar clara essa reversão de expectativa do povo em relação ao segundo mandato de Lula teremos um outro momento político”, agregou.



Plínio, no entanto, acha que isso ainda pode demorar: “Nesse momento ainda não há reversão nenhuma. O povo ainda está na expectativa e não deu nenhum sinal de que está descontente. Agora, é de se prever – uma vez que Lula não terá mais o argumento do segundo governo ou de uma nova possibilidade – que daqui a pouco ele chegue no ponto do faz ou não faz. Não posso afirmar que vai haver, mas digo que é de se esperar uma reversão de expectativas. Quando chegar na metade do governo e não tiver acontecido nada, o que o povo vai dizer? Nessa hora, acho que as lideranças que avalizaram o Lula vão ser cobradas”.



Ele fez no entanto uma avaliação positiva do segundo turno presidencial. “No segundo turno, não foi a liderança que guiou a massa, foi a massa que constrangeu a liderança”, observou.



Ex-petista, o expositor disse que Lula “não está dando a mínima para o PT”. E mostrou-se cético sobre a disputa em seu antigo partido, entre conservadores e desenvolvimentistas: “Essa idéia de deixar a ambigüidade prevalecer é expressão da política tradicional, da política que desmente, que dissimula, que faz negaça. Isso é o Brasil do passado e não nos conduz a nada”, siaparou.



Plínio afirmou que “o Brasil ainda não está maduro para o socialismo” e expressou saudades de momentos passados. “O melhor momento para uma ruptura ocorreu no fim da década de 70 e toda a década de 80, quando nós, devagarzinho, construímos o PT, a CUT, a CPT e as CEBs. Em 89, o Lula perdeu a eleição por muito pouco, sem aliança com a direita, sem Aerolula e sem Duda Mendonça. Era o Lula das lutas sindicais, da reforma agrária e do não pagamento da dívida”, rememorou.



O Congresso coincide com o cinquentenário da Cáritas. Fundada para coordenar o Programa de Alimentos doados pelo governo norte-americano através da CNBB, a organização abraçou posições de esquerda na década seguinte e vinculou-se aos movimentos populares. Com bases sobretudo no Nordeste, oscila hoje entre o apoio crítico e a oposição ao governo federal, sendo um dos redutos da contestação do projeto de integração do Rio São Francisco.



Com informações da Carta Maior (http://agenciacartamaior.uol.com.br)