ONU condena bloqueio dos EUA contra Cuba por 183 votos a 4

Com 183 votos a favor, uma abstenção e quatro votos contra, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou nesta quarta-feira (8) a resolução, proposta por Cuba, que condena o bloqueio imposto à Ilha pelos Estados Unidos. O número de votos favoráveis é um r

Os votos contrários além dos Estados Unidos foram os de Israel, Palau e Ilhas Marshall — os mesmos da votação de 2005. A abstenção foi da Micronésia. O número de votos pró-Cuba superou por um voto o recorde de 182 apoios obtido no ano passado.



A proposta foi apresentada pelo ministro cubano das Relações Exteriores, Felipe Pérez Roque, que se encontra em Nova York desde terça-feira (7), fazendo gestões em torno da votação. “Este documento é também uma defesa do povo estadunidense e dos direitos dos povos que vocês representam nesta Assembléia”, defeneeu Pérez Roque.



“Querem que nos rendamos”



O ministro cubano informou que em seus 48 anos de vigência o bloqueio causou a Cuba prejuizos econômicos superiores a US$ 86 bilhões. E que sete em cada dez cubanos já nasceu sofrendo e resistindo aos efeitos do bloqueio, “que tenta fazer com que nos rendamos pela fome e as enfermidades”.



O bloqueio veda o comércio de Cuba com os Estados Unidos, assim como o turismo. “Proíbe Cuba de usar o dólar em suas transações externas e receber créditos ou realizar operações junto a bancos americanos ou suas filiais em outros países. Não permite que o Banco Mundial ou o Banco Interamericano sequer outorgue um modesto crédito a Cuba”, descreveu o chanceler.



Plano Bush no banco dos réus



O pronunciamento do ministro na ONU destacou também “o plano para a reconquista de Cuba aprovado pelo presidente (George W.) Bush e, maio de 2004 e atualizado em maio de 2006”. Disse que o chamado Plano Bush reconhece sem rodeios o que o governo dos EUA “faria em nosso país, se em algum momento lograsse colocá-lo sob controle”.



Entre as medidas previstas está a devolução das propriedades estadunidenses na Ilha a seus antigo donos.



“Todo este cínico e brutal programa de recolonização de um país, depois de destruí-lo e invadi-lo, seria dirigido por um personagem que já está nomeado e cujo ridículo cargo é o de coordenador da Transição em Cuba”, denunciou Pérez Roque, referindo-se a Caleb McCarry, que ocupa este posto na administração estadunidense.



Sobre McCarry, o chanceler cubano disse que “seu único antecedente notável é a estreita amizade com os grupos terroristas de origem cubana que, ainda hoje, planejam e executam a partir de Miami, com total impunidade, novos planos de assassinato e sabotagem”.



“Enquanto isso, submete-se a cruel e prolongado encarceramento nos Estados Unidos, desde 1998, a cinco valorosos antiterroristas cubanos”, reiterou, referindo-se ao caso dos Cinco de Cuba.



Armação australiana fracassou



Colocada em franca defensiva, a diplomacia da administração Bush tentou uma manobra diversionista durante a sessão que debateu o tema. Articulou com o representante da Austrália, Robert Hill, a apresentação de uma moção que agregava ao texto cubano um pedido de “reformas em matéria de direitos humanos” na Ilha.



A emenda foi rechaçada. A maioria dos países rejeitou-a por considerá-la “diversionista”. Pérez Roque denunciou com energia a Austrália por se prestar ao papel de “imperialismo de bolso”, segundo sua expressão. O país participa da ocupação militar do Iraque e defende a política dos EUA na Área do Pacífico.



O Vermelho publicou este mês uma série onde recupera a história do bloqueio e expõe suas conseqüências. Clique para ver:
Vermelho inicia série sobre o bloqueio a Cuba
As recentes investidas norte-americanas à Ilha
A oposição ao bloqueio dentro dos Estados Unidos
O bloqueio e a questão da extraterritorialidade
Os efeitos sociais do bloqueio – parte 1
Os efeitos sociais do bloqueio – parte 2
Cuba x EUA: Prejuízos para os cidadãos dos dois países



Com agências