Assembléia da ONU vota hoje texto de Cuba contra bloqueio

A Assembléia Geral das Nações Unidas vota nesta quarta-feira (8) o projeto de resolução contra o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. A votação coincide com novas restrições de Washington que endurecem a política coercitiva que perdura

O projeto de resolução, intitulado Necessidade de por fim ao bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos EUA contra Cuba, será votado pelos representantes dos 192 países-membros da ONU. A votação conclui uma das sessões de debates mais incômoda para as autoridades estadunidenses, nos 15 anos em que o tema é apresentado em todas as sessões da Assembléia Geral da ONU.



Isolamento extremo: 182 a 4



O isolamento da administração do presidente George W. Bush quanto ao tema chegou a um nível extremo no ano passado: 182 países votaram a favor da resolução cubana; os votos contra resumiram-se aos dos próprios EUA, de Israel, Ilhas Marshall e Palau. Foi a mais esmagadora das 14 votações sobre o tema, embora a maioria antibloqueio seja sempre esmagadora, e venha crescendo.



Este ano o tema será apresentado pelo ministro cubano das Relações Exteriores, Felipe Pérez Roque, que se encontra em Nova York desde terça-feira. O chanceler cumpre uma intensa agenda de consultas e trocas de impressões no ''Palácio de Vidro'', edifício-sede da ONU. Entre os seus interlocutores está a diplomata de Bahrein Sheika Haya Rashed Al Khalifa, que preside a Assembléia Geral.



Bush endureceu o bloqueio



Na avaliação das autoridades cubanas, Washington não deve mudar sua posição, mesmo que Cuba obtenha mais uma demonstração de repúdio internacional ao bloqueio, que visa derrubar o governo revolucionário em Havana.



A administração Bush não só tem ignorado as sucessivas resoluções da ONU como impôs novas restrições que endurecem o bloqueio. Conforme um cálculo cubano, a política de isolamento já custou à Ilha mais de US$ 86 bilhões desde que foi imposta, em 1960, um ano após o triunfo da revolução.



Para um porta-voz oficial da Missão Cubana na ONU, a votação coincide com um momento em que Washington aplica o bloqueio ''com mais ferocidade do que nunca''.



O projeto de resolução a ser votado expressa preocupação com a intenção estadunidense de ''continuar promulgando e aplicando novas medidas destinadas a reforçar e ampliar o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba''. Menciona em especial a Lei Helms-Burton, ''cujos efeitos extraterritoriais afetam a soberania de outros Estados''.



O texto destaca também a preocupação da ONU ''com os efeitos negativos dessas medidas sobre a população cubana e os cidadãos de Cuba residentes em outros países''.



Para Annan, ''política unilateral''



Um informe sobre o bloqueio preparado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, denuncia que se trata de ''uma política unilateral'', coercitiva e com alcance extraterritorial. O documento seleciona também as considerações de cem países contra o bloqueio, confirmando a existência de um consenso internacional exigindo o seu fim.



O Vermelho publicou este mês uma série onde recupera a história do bloqueio e expõe suas conseqüências. Clique para ver:
Vermelho inicia série sobre o bloqueio a Cuba
As recentes investidas norte-americanas à Ilha
A oposição ao bloqueio dentro dos Estados Unidos
O bloqueio e a questão da extraterritorialidade
Os efeitos sociais do bloqueio – parte 1
Os efeitos sociais do bloqueio – parte 2
Cuba x EUA: Prejuízos para os cidadãos dos dois países



Com agências