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PCdoB divulga balanço detalhado dos resultados eleitorais

A Comissão Nacional de Organização do PCdoB, com base nos dados fornecidos pelo TSE, elaborou um levantamento pormenorizado do cenário resultante das eleições deste ano, bem como da situação do partido nos campos majoritário e proporcional.  Confira

Com o término do segundo turno presidencial define-se o conjunto dos resultados eleitorais e o novo quadro político de forças no país. A reeleição de Lula foi o primeiro objetivo central do projeto eleitoral do PCdoB em 2006, marcado, portanto, pelo êxito. Deve-se ressaltar que a eleição foi vencida com um programa mais definido de aprofundamento dos compromissos desenvolvimentistas, como propunha o Partido.


 


 


A apresentação do programa Lula 2006 foi também um êxito na batalha travada pelo PCdoB. Ademais, no debate eleitoral, polarizaram-se dois projetos para o país, acentuando outros componentes programáticos como o caminho para o desenvolvimento econômico, o fortalecimento das empresas estatais, os investimentos públicos na área social, a política externa independente, a reforma política democrática. Ao lado disso, a própria campanha eleitoral pôs em prática o aprofundamento do leque de alianças, como o PCdoB defendia, notadamente quanto à incorporação do PMDB e variadas forças políticas e sociais. O segundo turno recompôs uma ampla unidade do setor mais caracteristicamente democrático e popular do país, indispensável à vitória – o movimento social –  e polarizou pela esquerda o debate político no país.


 


 


Das dez eleições na América Latina em 2006, como se previa, essa eleição terá alta significação, somando-se às vitórias na Bolívia, mais as possíveis vitórias na Venezuela e Nicarágua. México, Colômbia, Costa Rica e possivelmente Equador conhecerão governos mais inclinados à direita, além da eleição de Alan Garcia, no Peru e Michele Bachelet, no Chile.


 


 


A força do campo de Lula está na base do resultado positivo alcançado pela esquerda no país. O PT, além de reeleger o presidente, passou de três para cinco governos estaduais, elegeu dois senadores, manteve-se como o partido mais votado à Câmara e elegeu 83 deputados federais, dois a mais do que sua bancada atual, que é de 81 deputados.


 


 


O PCdoB elegeu um senador e obteve a quinta votação nacional ao Senado, com 7,5% dos votos; elegeu 13 federais e ultrapassou 2% dos votos nacionais em nove estados. Foi um resultado favorável, considerado positivo na avaliação da Comissão Política Nacional do partido, que registra ser “a primeira vez que os comunistas participaram de um processo eleitoral na condição de partido da base de apoio do governo federal”. O PSB passa a governar três estados, elegeu 27 deputados federais e ultrapassou mais uma vez os 5% dos votos nacionais à Câmara.


 


 


Novo cenário para o governo federal


 


 


Lula venceu o primeiro turno em 16 estados da Federação, perdendo em outros 11. Alcançou a marca de 48,6% do total, com 46,7 milhões de votos. Em 2002 havia alcançado 39,4 milhões de votos, 46,4%. Alckmin fez 39,9 milhões de votos, 41,64% do total do primeiro turno. No segundo turno, Lula vence em 20 estados, alcançando a votação de 58.294.252 e a cifra de 60,83 % dos votos válidos. Alckmin teve 37.543.028 votos, ou 39,17%. O candidato teve 2,4 milhões de votos a menos que no primeiro turno, decrescendo 2,47 pontos percentuais e perdeu votos em 23 unidades da Federação com relação ao primeiro turno. Em 2002 os mesmos resultados foram, respectivamente, 26 estados e 62%, no segundo turno. 


 


 


Uma conclusão política importante do comportamento eleitoral é que a força de Lula levou o PT a se fortalecer no Nordeste, em detrimento de posições relativas no Sudeste e no Sul. Dos nove estados do Nordeste, o PT venceu a disputa pelo governo em três. Outros três ficaram com o PSB e um com o PDT, que deve se compor com o governo.


 


 


As bancadas também aumentaram com relação a 2002. O PT foi de 17 para 23  e o percentual do voto total cresceu de 3,39% para 3,59%, um aumento de 29,5%. O PSB sai de sete para 14 deputados e o PCdoB, de cinco para seis. Dos sete estados do Sul e Sudeste,  só foram conquistados três governos aliados: Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As bancadas estagnaram ou recuaram: o PT caiu de 56 para 44 e o percentual total de votos foi de 13,04% para 9,5%, redução de 21,2%. O PSB foi de 13 para  seis deputados e o PCdoB, de cinco para quatro.


 


 


O presidente tomará posse em 2007 com o apoio aberto de pelo menos 16 governadores que também assumem o poder em 1º de janeiro nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Sergipe, Amazonas, Acre, Espírito Santo, Amapá, Mato Grosso, e Tocantins – eleitos no  1º turno – mais Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte e Maranhão. Esse grupo de governantes estará representando um eleitorado total de quase a metade da população do Brasil. O novo governo sai assim com muito mais apoio que 2002, quando foram apenas três governos estaduais das coligações com Lula, que representavam apenas 3,2% do eleitorado, mais o Paraná. Lula continua hegemônico no Norte e no Nordeste e avançou no Centro-Oeste. Alckmin teve o apoio aberto de onze governadores que foram eleitos no primeiro turno – São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rondônia, Alagoas e Roraima – mais Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraíba em localidades populosas, totalizando a outra metade dos eleitores devido ao grande peso de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.


 


 


Mudanças nos estados


 


 


Aos governos estaduais, o PT foi quem mais avançou proporcionalmente, alcançando cinco estados: Acre, Piauí, Bahia, Pará e Sergipe. Em eleitorado governado, a legenda passa a ser a terceira,  com 13,5% do total. O PMDB, com 22,8%, foi o segundo. PSB é o quarto, com 4%. O PSDB é o primeiro partido, com 43%, recuando com relação a 2002,  mas manteve São Paulo, Minas Gerais e Paraíba, conquistando o Rio Grande do Sul e, indiretamente, GO.


 


 


O PFL foi quem mais recuou, perdendo principalmente a disputa na Bahia e Pernambuco e conquistando apenas um único governo, no Distrito Federal. Assim, o eleitorado por ele governado passou de 12,1% para 1,3%. Décadas de domínio político foram superadas com a derrota de Tasso Jereissati e Almir Gabriel do PSDB; de Antonio Carlos Magalhães, Amazonino Mendes (AM), João Alves (SE) e Mendonça Filho (PE), todos do PFL e de Gilberto Mestrinho (AM) e José Sarney (MA) pelo PMDB.


 


 


População governada pelos partidos


 


 









































































PARTIDO


2002


2006


ESTADOS GOVERNADOS


POPULAÇÃO GOVERNADA


ESTADOS
GOVERNADOS


POPULAÇÃO GOVERNADA


PSDB


CE, GO, MG, PA, PB, RO e SP


80.766.482


AL, MG, PB, RR, RS e SP


77.528.447


PMDB


DF, PE, PR, RS e SC


35.964.759


AM, ES, MS, PR, RJ, SC e TO


41.722.722


PT


AC, MS e PI


5.625.789


AC, BA, PA, PI e SE


26.430.332


PSB


AL, ES, RJ e RN


23.666.516


CE, PE e RN


19.513.956


PDT


AP


516.511


AP e MA


6.697.914


PP


_


0


GO


5.619.917


PPS


AM e MT


5.566.543


MT e RO


4.337.868


PFL


BA, MA, SE e TO


22.179.489


DF


2.333.108


PSL


RR


346.871


– – –


0


TOTAL


 


174.632.960


 


184.184.264


 


 


 


 


 


———————————————————————————–


 


Ao senado, o PFL esteve na dianteira em número de votos e eleitos, seguido pelo PSDB. O PCdoB é o quinto em votação total no país. As bancadas atuais poderão sofrer alteração com as fusões, incorporações e mudanças de legenda.


 


Senado por partido
 










































































 Partido


Eleitos


2006


% dos votos


do país -2006


Bancada


atual


PFL


6


25,66


18*


PT


2


19,22


11


PSDB


5


12,5


15


PMDB


4


12,03


17*


PCdoB


1


7,54


2


PDT


1


5,95


5


PP


1


5,01


1


PTB


3


3,17


4


PSB


1


2,54


3


PV


0


1,69


0


PPS


1


1,46


1


PL


1


0,83


3


PRTB


1


0,76


1


* poderá haver alterações


 


Câmara dos Deputados


 



A correlação de forças formal, por partidos, na Câmara dos Deputados não se alterou substancialmente, implicando mais propriamente o PMDB como maior bancada, com 89 parlamentares. Sete partidos ultrapassaram a cláusula de 5%. Há 21 partidos representados. A base de apoio ao governo elegeu 303 deputados somando as legendas PMDB, PT, PP, PSB, PL, PTB, PCdoB, um crescimento de 84 cadeiras em relação a 2002. Há ainda nesse cálculo formal 41 indecisos a conquistar dentro do PDT, PSC e outros partidos. A oposição ficou com 169 cadeiras.


 


 


O PMDB avançou na votação absoluta e proporcional com respeito a 2002. Fez a maior bancada, de 89, contra 74 em 2002. Mas o PT se mantém como o mais votado, com a maior votação absoluta e proporcional, totalizando 15% dos votos válidos e elegeu 83 parlamentares, oito a menos que em 2002, formando a segunda bancada nacional.


 


 


O PFL foi quem mais recuou: teve 1,52 milhões de votos a menos, uma queda proporcional de 18,2% com relação a 2002. Neste ano, elegeu 65 federais contra 84 em 2002. O PSDB também recuou de 71 para 66. Já o PV foi quem mais avançou na votação (168%) e passou a ocupar o 11º lugar  em votação nacional, tomando a vaga  que era do PCdoB. Em relação à soma nacional de votos dos partidos para deputado federal, destaca-se a ascensão do PMDB, que ultrapassa o PSDB e o PFL e ocupa agora a segunda vaga, atrás somente do PT.


 


 


Câmara dos Deputados – por partido



 




















































































Partido


Eleitos


2002


Eleitos


2006


Crescimento


Bancada 02-06


% dos votos


do país 2006


Bancada


atual


PFL


84


65


-19 / -22,6%


10,93%


64


PT


91


83


– 8 / – 8,8%


15,02%


81


PSDB


71


66


– 5 / – 7,0%


13,63%


58


PMDB


74


89


+ 15 / + 20,3%


14,58%


79


PCdoB


12


13


+1 / +8,3%


2,13%


12


PDT


21


24


+ 3 / 14,3%


5,21%


20


PP


49


41


– 8 / – 8,8%


7,15%


50


PTB


26


22


– 4 / – 15,4%


4,72%


43


PSB


22


27


+ 5 / + 22,7%


6,16%


27


PV


5


13


+ 8 / + 160%


3,62%


7


PPS